Dissertação - Mariana Semola Angonese

Ecofisiologia da citrato sintase de corais do Atlântico Sul: uma abordagem bioquímica comparada

Autor: Mariana Semola Angonese (Currículo Lattes)

Resumo

Em organismos ectotérmicos o metabolismo aeróbico desempenha papel fundamental no fornecimento de energia para sobrevivência e tolerância frente às alterações climáticas. Nesse sentido, sete espécies de corais escleractíneos e um hidrocoral representativos do Atlântico Sul foram aclimatados e expostos ao tratamento combinado de aumento da temperatura (+2,5°C) e redução do pH (-0.3 unidades) da água do mar por 15 dias. Para avaliar a capacidade aeróbica destes corais diante do cenário futuro, a atividade da citrato sintase (CS) foi avaliada e comparada sob uma perspectiva filogenética entre as espécies, como potencial indicador da capacidade aeróbica dos organismos. A hipótese é de que as espécies dos recifes do Atlântico Sudoeste apresentem aumento na atividade da CS após simulações de alterações climáticas e que os representantes endêmicos demonstrem uma atividade enzimática mais elevada do que aqueles com distribuição anfi-Atlântica. Das espécies estudadas, a maioria não apresentou mudanças na atividade da CS, enquanto que Porites branneri, Mussismilia hispida e Millepora alcicornis demonstraram uma resposta compensatória. Entretanto, a cinética da CS discriminou grupos de espécies com diferentes origens biogeográficas, uma vez que os representantes endêmicos do Atlântico Sudoeste revelaram uma atividade da CS mais elevada do que as espécies de distribuição Atlântica mais ampla, independentemente das suas relações filogenéticas. Sugere-se que a história evolutiva exclusiva das linhagens de corais da costa brasileira contribuiu para o aumento da tolerância das espécies endêmicas às alterações avaliadas. Assim, apesar dos resultados demonstrem que a CS não é um biomarcador energético interessante para avaliar os efeitos das alterações climáticas devido às suas respostas específicas entre as espécies analisadas, pode ser considerada como uma métrica informativa para apontar espécies com diferentes origens biogeográficas. Particularmente para os corais do Atlântico Sul, esta abordagem bioquímica comparativa destaca a maior tolerância das espécies endêmicas em nível subcelular de organização, e deve sustentar a maior tolerância das mesmas frente às futuras mudanças climáticas quando comparadas àquelas dos típicos recifes oligotróficos mundiais.

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Palavras-chave: Ciclo de KrebsEndemismoPlasticidade fisiológicaAquecimento global e acidificaçãoMudanças climáticas