Tese - Andréa de Oliveira da Rocha Franco

Ecologia e taxonomia de protistas planctônicos em zonas de surfe de praias arenosas brasileirs em latitudes equatorial, tropical e subtropical

Autor: Andréa de Oliveira da Rocha Franco (Currículo Lattes)

Resumo

As praias arenosas são ecossistemas de grande relevância ambiental e socioeconômica, sendo que as comunidades nas zonas de surfe ainda são pouco estudadas. Esta tese aborda a ecologia e taxonomia das comunidades planctônicas protistas de zonas de surfe de praias arenosas, com ênfase em diatomáceas. Comparamos a diversidade, composição e a estrutura da comunidade de protistas planctônicos em zona de surfe de três praias localizadas em latitudes de 3°S, 14°S e 32°S. O estudo é pioneiro ao investigar a composição do plâncton utilizando sequenciamento de quarta geração e metabarcoding, e identificando nesse habitat diversos grupos taxonômicos bem como parasitas de fitoplâncton. Os grupos taxonômicos mais abundantes foram Bacillariophyceae e Dinophyceae, e seus possíveis parasitas, Syndiniales e Oomycota, indicando a relevância do parasitismo na estruturação de comunidades planctônicas da zona de surfe. A alta abundância de Trebouxiophyceae e Chloropicophyceae no microplâncton e a diferença na composição de OTUs entre o microplâncton e frações de tamanhos menores, sugerem a ocorrência de interações simbióticas mais fortes na zona de surfe da região equatorial. A composição da comunidade planctônica protista exibiu padrões espaciais e sazonais, sendo observada uma maior variação na composição do plâncton entre as coletas de verão e de inverno em latitude mais alta, acompanhando a maior variação da temperatura da água. Com o objetivo de ampliar as ferramentas utilizadas na taxonomia de diatomáceas, testamos se modelos automatizados são acurados para a identificação de espécies. Os resultados indicaram que os modelos ABGD, ASAP, SPNA, PTP são úteis na identificação de diatomáceas, seguindo algumas recomendações. Por último, a tese aborda a identificação e distribuição de Asterionellopsis e Anaulus, responsáveis pelas acumulações em praias brasileiras. Foram identificadas três espécies de Asterionellopsis: A. tropicalis no Nordeste, A. thurstonii no Sudeste e Norte da região Sul (PR, SC), registrada pela primeira vez no Hemisfério Sul, e A. guyunusae somente no Rio Grande do Sul até a latitude de 29°S . A distribuição latitudinal das espécies de Asterionellopsis, leva à hipótese de que a temperatura da água seja um fator importante. Por outro lado, somente uma espécie de Anaulus - A. australis, foi observada na costa brasileira, nas latitudes de 3ºS e 26°S. Possivelmente, uma barreira ecológica leva à ausência de A. australis em latitude mais alta, (32°S). Estudos experimentais são necessários para conhecer os limites fisiológicos de cada espécie e a elucidação dos fatores que determinam a sua distribuição geográfica no Brasil.

Palavras-chave: EcologiaFitoplânctonDiatomáceasMetagenômicaDiversidadeAsterionellopsisAnaulus