Dissertação - Laura Alma Sampaio Moraes da Costa

Ecologia trófica de Gymnoscopelus bolini e Lepidophanes guentheri (Myctophidae: Myctophiformes) no Atlântico Sudoeste Subtropical

Autor: Laura Alma Sampaio Moraes da Costa (Currículo Lattes)

Resumo

Os mictofídeos (Myctophidae: Myctophiformes) são parte importante dos ecossistemas pelágicos e enquadram-se como recurso alimentar para diferentes vertebrados marinhos. Apesar da sua relevância ecológica e elevada abundância, os hábitos alimentares desses peixes ainda não foram plenamente investigados no Atlântico Sudoeste Subtropical. Neste trabalho, procurou-se examinar as relações tróficas de duas espécies (Gymnoscopelus bolini e Lepidophanes guentheri) a partir da análise de conteúdo estomacal (ACE) e análise de isótopos estáveis (AIE) de carbono e nitrogênio; explorando variações espaciais e ontogenéticas. As análises basearamse em duas áreas do sudoeste do Atlântico: 1. Norte (20-28°S) e 2. Sul (28-34°S). Na análise da dieta das espécies, para cada presa determinou-se a proporção numérica (%N), proporção numérica presa-específica (%PN) e a frequência de ocorrência (%FO). As dietas de Gymnoscopelus bolini e Lepidophanes guentheri foram ainda avaliadas a partir da sobreposição trófica (Índice de Schoener C) e da diversidade de presas (Índice de Shannon, H). Os nichos isotópicos de Gymnoscopelus bolini e Lepidophanes guentheri foram comparados utilizando Elipses Isotópicas (pacote SIBER). A diversidade alimentar de Gymnoscopelus bolini é relativamente menor (H: 1,55) que a de Lepidophanes guentheri (H: 1,67). Gymnoscopelus bolini predou principalmente sobre Euphausia e Copepoda (%FO: 18,2). Euphausia foi também a presa mais importante de Lepidophanes guentheri (%FO: 10,3); seguido de Chaetognata (%FO: 3,4 %PN: 10,4). Lepidophanes guentheri apresentou valores médios de carbono e nitrogênio (± DP) distintos entre áreas: Norte: carbono: -19,9 ± 0,3; nitrogênio: 6,2 ± 0,9; Sul: carbono: -20,5 ± 0,7, nitrogênio: 8,5 ± 2,3; enquanto Gymnoscopelus bolini (Sul) apresentou valores médio de carbono: -20,4 ± 0,6, nitrogênio: 9,6 ± 2,1. Na área Sul, há similaridade entre as dietas de Gymnoscopelus bolini e Lepidophanes guentheri (C: 63,1%) e sobreposição de nicho isotópico (até 92,9% de sobreposição). Quando comparados Norte e Sul, nota-se diferenças na dieta (para Lepidophanes guentheri), bem como segregação completa de nicho isotópico (0% de sobreposição). No Sul, Gymnoscopelus bolini e Lepidophanes guentheri apresentaram nicho isotópico mais amplo e maiores valores de nitrogênio; em relação ao Norte. Em ambas as áreas, adultos têm maiores valores de nitrogênio que juvenis; resultado que pode estar associado a mudanças ontogenéticas na dieta. Gymnoscopelus bolini e Lepidophanes guentheri têm comportamento alimentar zooplanctívoro generalista, com ingestão ocasional de fitoplâncton. Além disso, a área de distribuição das espécies é fator determinante à ecologia trófica de Myctophidae, principalmente por conta da dinâmica das massas dágua e dos processos oceanográficos que afetam a produtividade primária e a base das cadeias tróficas.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Oceanografia biológicaPeixesIsótopos estáveisEcologia tróficaDieta animalConteúdo estomacalPeixes mesopelágicosGymnoscopelus boliniLepidophanes guentheriSegregação espacialOceano Atlântico Sudoeste subtropical