Dissertação - Maíra Moita Saüt

Áreas prioritárias para a conservação da megafauna marinha vulnerável às capturas acidentais em redes de emalhe na plataforma continental do Rio Grande do Sul, Brasil

Autor: Maíra Moita Saüt (Currículo Lattes)

Resumo

A captura acidental em redes de pesca é uma das principais causas de mortalidade de animais marinhos no mundo. As redes de emalhe, em particular, estão associadas a uma elevada mortalidade de diversos grupos da megafauna marinha. Nas águas costeiras do sul do Brasil, este problema se intensificou nas últimas décadas, afetando espécies ameaçadas de extinção como a toninha Pontoporia blainvillei e diversos elasmobrânquios, como a viola Pseudobatos horkelii, os cações Squatina spp. e Mustelus spp., os tubarões martelo Sphyrna spp. e as raias Atlantoraja spp. e Sympterygia spp., que utilizam essa região como berçário e área de alimentação. A sobreposição do habitat preferencial desses animais com áreas de elevado esforço pesqueiro os torna ainda mais suscetíveis à captura acidental. No presente trabalho foram identificadas as áreas onde há maior probabilidade de captura acidental - hotspots - para dez espécies da megafauna marinha, ameaçadas de extinção e vulneráveis à captura acidental na pesca de emalhe, na plataforma continental do Rio Grande do Sul (RS), a partir de dados coletados por observadores de bordo durante embarques na frota comercial de emalhe costeiro sediada em Rio Grande, entre junho de 2013 e março de 2015 e de junho de 2018 a março de 2020. A identificação das áreas foi feita através de um modelo hierárquico Bayesiano espaço-temporal, utilizando uma abordagem multiespecífica. As espécies também foram analisadas separadamente. Foram identificados três hotspots de captura acidental: a desembocadura da Lagoa dos Patos, durante os meses quentes; uma área ao norte de Rio Grande, nos meses frios; e a região do Albardão durante o ano todo. Propõe-se a criação de Áreas de Exclusão de Pesca nessas regiões. Essa medida beneficiaria diversas espécies ameaçadas de extinção, podendo ainda contribuir para a recuperação dos estoques pesqueiros. A identificação de áreas prioritárias para a conservação a partir de uma abordagem multiespecífica é um importante passo para o planejamento de medidas de gestão pesqueira eficazes, visando à proteção de espécies ameaçadas da megafauna marinha.

TEXTO COMPLETO

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