Dissertação - Roberta Petitet Mathias do Amaral

Idade e crescimento da tartaruga-cabeçuda (Caretta caretta) no litoral sul do Rio Grande do Sul

Autor: Roberta Petitet Mathias do Amaral (Currículo Lattes)

Resumo

A espécie de tartaruga marinha Caretta caretta (tartaruga-cabeçuda) utiliza a costa brasileira para desenvolvimento e reprodução, suas praias de desova estão situadas nos estados da Bahia e Espírito Santo. A maioria dos estudos sobre a tartaruga-cabeçuda no Brasil lidam com fêmeas adultas e os estágios de juvenis e sub-adultos são pouco conhecidos. O presente estudo faz uma estimativa da idade de tartarugas-cabeçudas através da técnica de esqueletocronologia por análises do úmero provenientes de ambos os estágios, nerítico e oceânico. E ajusta um modelo de crescimento para a população dessa espécie do Atlântico Sul Ocidental. Baseado na validação de que uma linha de crescimento corresponde a um ano, os números de linhas presentes no úmero correspondem a idade do animal. Para tartarugas de tamanho maior, foi aplicado o fator de correção para o cálculo de linhas perdidas devido à reabsorção óssea e perda das primeiras linhas de crescimento. Esse fator de correção foi baseado em dois modelos, o primeiro denominado “simples” que não incorpora a variação na deposição de linhas de crescimento no animal e entre animais, já o segundo modelo, denominado “hierárquico” faz essa incorporação. O modelo hierárquico obteve melhor ajuste aos dados de tamanho (CCC – comprimento curvilíneo da carapaça) e diâmetro do úmero, provavelmente devido a experiências desses répteis em ambientes com condições estocásticas, portanto alguns indivíduos podem crescer mais do que outros. A estimativa da duração do estágio oceânico foi de 8 a 19 anos (com média de 11,5) e a idade de maturação de 25,7 a 39,2 anos (com média de 31,2 anos). O modelo de crescimento de Schnute se ajustou bem aos dados de tamanho (CCC) e idade, devido sua versatilidade em forma e não requerimento de dados de tamanho de animais neonatais e de adultos próximos ao tamanho assintótico. Entretanto, a “curva” de Schnute foi bastante similar a uma reta, portanto foi ajustada uma regressão linear que obteve um melhor ajuste aos dados, que, por sua vez, é composto por uma “janela de idade” do ciclo de vida das tartarugas marinhas. A “Hipótese de proporcionalidade corporal” foi aplicada para o cálculo das taxas de crescimento. As taxas de crescimento das tartarugas-cabeçudas neríticas foram similares as reportadas para tartarugas-cabeçudas do Atlântico Norte, porém menores do que as tartarugas oceânicas do Atlântico Sul. Sugerindo que as condições ambientais locais podem influenciar na taxa de crescimento da tartaruga marinha, como também, a energia gasta durante migrações, alocação de energia e origem genética.

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