Estrutura da assembléia de peixes da zona de arrebentação das praias arenosas adjacentes ao estuário da Lagoa dos Patos (RS): efeitos ambientais e do amostrador.
Autor: Fabio Lameiro Rodrigues (Currículo Lattes)
Resumo
O objetivo desta Tese foi estudar a assembleia de peixes da zona de arrebentação de duas praias arenosas, adjacentes aos molhes da barra da Lagoa dos Patos, com relação: i) a variabilidade espacial na riqueza e na abundância da assembleia de peixes; ii) a influência dos molhes sobre a abundância e diversidade de peixes; iii) o uso de diferentes amostradores para avaliar a influência na composição de espécies, riqueza e estrutura de tamanhos; e iv) possíveis variações interanuais na composição e abundância da assembleia de peixes destas praias. Para tanto, analisou-se um banco de dados de coletas mensais contínuas, para um período de 12 meses (Maio 2001 a Maio 2002) e um segundo período de 24 meses (Julho 2009 a Junho 2011), usando diversos petrechos de pesca. Os principais resultados obtidos indicam um forte padrão sazonal influenciando no aumento da abundância e da riqueza de espécies presentes na zona de arrebentação durante os meses mais quentes, e que os molhes da barra da Lagoa dos Patos não promove mudanças espaciais na composição de espécies, em ambas as praias. A diferença entre as praias está mais relacionada à abundância de algumas espécies, como por exemplo, a tainha Mugil liza, que é significativamente mais abundante na praia do Cassino, associada, fundamentalmente à dispersão da pluma estuarina que é mais intensa no lado oeste dos molhes. Com relação à comparação entre redes de arrasto de praia, observou-se que ambas as redes utilizadas (9 e 30 m) podem ser consideradas complementares em relação a distribuição de tamanhos, pois capturam a mesma composição de espécies dominantes, mas com a rede maior capturando uma grande parcela de indivíduos maiores que 60 mm de comprimento total. A rede de espera (feiticeira) não foi considerada um bom amostrador para o uso na zona de arrebentação, mas pode ser usada como um amostrador complementar para capturar indivíduos com tamanhos maiores. A variabilidade na riqueza de espécies foi explicada por um conjunto de sete variáveis, sendo que a sazonalidade e o tipo de rede de arrasto de praia usada foram às variáveis que detiveram a maior parcela de variabilidade (19,2%). Dentre as espécies dominantes nos dois períodos analisados, M. liza, Trachinotus marginatus, Menticirrhus littoralis e M. americanus registraram uma significativa queda na abundância média ao longo dos períodos, sendo esta atribuída principalmente à variabilidade natural no recrutamento destas espécies e/ou a forte pressão de pesca exercida sobre estas espécies ao longo dos últimos anos. No entanto, com relação à última parte desta Tese, análise mais criteriosa deve ser realizada.