Dissertação - Pedro Fernandes Sanmartin Prata

Dinâmica populacional do camarão santana Pleoticus muelleri (Bate, 1888) (Decapoda: Solenoceridae) na enseada de Balneário Camboriú, SC, Brasil

Autor: Pedro Fernandes Sanmartin Prata (Currículo Lattes)

Resumo

Com o declínio das capturas do camarão rosa (Farfantepenaeus paulensis e F. brasiliensis) a partir da década de 80, a pescaria de camarão no Sudeste e Sul do Brasil tornou-se multi-específica, buscando espécies alternativas para a manutenção da rentabilidade econômica, dentre elas, o camarão santana Pleoticus muelleri (Bate, 1888). Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi determinar aspectos da dinâmica populacional de P.muelleri na costa de Santa Catarina, a fim de gerar subsídios para um manejo adequado desta importante espécie de interesse comercial na costa sul do Brasil. Foram realizadas coletas mensais entre maio de 2008 e abril de 2010, com um barco característico da frota artesanal camaroeira. As capturas foram feitas nas profundidades de 7, 14 e 19 m, onde foram medidos valores de variáveis ambientais como temperatura e salinidade de fundo. No laboratório, foi feita a biometria dos indivíduos e a determinação dos estágios de maturação gonadal. Foram coletados 15.153 indivíduos, 4.270 no primeiro ano e 10.883 no segundo ano, com picos de abundância no outono e na primavera, o que pode ser explicado pela flutuação de fatores ambientais, como temperatura e salinidade. As fêmeas atingiram maiores tamanhos que os machos, observando-se também uma diferença na média de tamanho de carapaça entre as três profundidades para ambos os sexos, com os maiores indivíduos encontrando-se na profundidade de 19 m. A razão sexual foi diferente de 1:1, com 0,6 em favor das fêmeas. As relações biométricas entre comprimento de carapaça e comprimento total indicaram alometria positiva para ambos os sexos e a relação entre comprimento da carapaça e peso indicou alometria negativa para ambos os sexos. Os parâmetros que influenciaram significativamente a abundância da espécie foram salinidade de fundo e profundidade. A análise dos cortes histológicos permitiu a determinação do tamanho e frequência dos diferentes tipos de oócitos, que teve um padrão polimodal, e diferentes estágios da célula foram observados nos ovários maduros, indicando a ocorrência de desova múltipla para a espécie. O tamanho médio de primeira maturação foi 19 mm de tamanho da carapaça. O principal período reprodutivo da espécie aconteceu durante o outono e a primavera, sendo que houve a presença de fêmeas reprodutivas durante todas as estações do ano, assim como de recrutas, o que sugere que a espécie P. muelleri tenha uma reprodução contínua ao longo do ano, com o pico reprodutivo ocorrendo na primavera, devido ao decréscimo da temperatura decorrente do afloramento da Água Central do Atlântico Sul sobre a plataforma. Os parâmetros de crescimento estimados foram: L_= 34,20; k= 2.55/ano; t0=-0,53, com longevidade de 1,80 anos para fêmeas e L_= 28,34; k= 2,92/ano; t0=-0,03, com longevidade de 1,58 anos para machos. Os coeficientes de mortalidade estimados foram: mortalidade total (Z) de 4,56 e 4,68; mortalidade natural (M) de 1,57 e 1,80; mortalidade por pesca (F) de 2,99 e 2,88; e taxa de explotação (E) de 0,65 e 0,61, para fêmeas e machos, respectivamente. Concluindo, esta espécie, embora pertencente à família Solenoceridae, apresenta características comuns aos Penaeidae de interesse comercial, com ciclo de vida curto, crescimento rápido, tamanho de primeira maturação reduzido e elevada mortalidade natural. Sendo assim, os parâmetros populacionais estimados podem servir como subsídio para elaboração de planos de manejo que contribuam para a manutenção deste importante estoque no sul do Brasil.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Oceanografia biológicaPescaCrustáceosDinâmica de populaçõesCamarão santanaPleoticus muelleri