Influência dos parâmetros ambientais na variabilidade espacial e interanual do fitoplâncton no Estreito de Bransfield, Antártica
Autor: Rafael Goncalves Araujo (Currículo Lattes)
Resumo
O presente trabalho descreve a variabilidade espacial e temporal da biomassa (Clorofila-a - Cla) e composição do fitoplâncton (grupos taxonônimos) em relação às condições ambientais no estreito de Bransfield. O estudo foi realizado com base em dados in situ (2003-05 e 2008-10) e imagens de satélite, durante os verões de 2002-2010. Uma frente termohalina foi geralmente observada entre as frias e relativamente salgadas águas sob influência do Mar de Weddell (ATW), posicionadas ao sul, e maior temperatura e menor salinidade foi encontrada nas águas sob influência do Mar de Bellingshausen (ATB), ocupando a porção norte. Análises de correspondência canônica mostraram que a dominância de diatomáceas microplanctônicas esteve associada com elevados níveis de Cla em águas ATB com camada de mistura rasa e com forte picnoclina, principalmente nas proximidades das Ilhas Shetland do Sul (SSI). As estações sob influência da ATW foram principalmente caracterizadas por baixa Cla relacionada com uma coluna dágua bem misturada e dominância de flagelados nanoplanctônicos (incluindo haptófitas e criptófitas). O gelo marinho mostrou-se importante no estabelecimento de uma camada de mistura com forte picnoclina (próximo das SSI) pelo aporte de água doce, através do seu derretimento. Com base em dados in situ e satelitais, a variabilidade espacial observada sugere que a comunidade fitoplanctônica no estreito de Bransfield é governada por uma combinação de processos atuando sinergéticamente: a retração do gelo marinho leva à formação de uma camada de mistura rasa associada a uma forte picnoclina que retém os organismos próximos à superfície, sob condições ideais de luz. Ainda, a variabilidade interanual na composição específica indica uma alternância na dominância de diatomáceas e flagelados, de acordo com as variações das propriedades físicas da coluna dágua, a priori. Desse modo, o derretimento do gelo pode ser considerado como o mais importante processo na modulação da variabilidade temporal do fitoplâncton.