Dissertação - Cristiane Ferras Bolico Rodrigues da Silva

Distribuição de formicídeos em marismas do extremo sul do Brasil segundo parâmetros alimentares ambientais

Autor: Cristiane Ferras Bolico Rodrigues da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

Os ecossistemas de marisma desenvolvem-se na zona entremarés de costas protegidas onde as comunidades vegetais são dominadas por plantas herbáceas. Estas áreas estão sujeitas a inundações periódicas sendo possível visualizar uma estrutura espacial em mosaico relacionada a distintas condições de inundação. Os insetos residem de forma permanente nas marismas sendo o grupo mais diversificado e mais abundante e considerados consumidores secundários nestas áreas. Uma elevada riqueza de Formicidae é observada nesses ambientes. Invertebrados terrestres residentes em ecossistemas periodicamente inundados requerem estratégias especiais de sobrevivência como a migração vertical. As formigas apresentam dietas alimentares muito diversificadas e exploram constantemente o solo e a vegetação em busca de alimento, sendo, frequentemente, atraídas por iscas. O objetivo do estudo foi Investigar a composição de espécies de três comunidades de formigas, ao longo de um ciclo anual, nas diferentes zonas de alagamento de marismas, assim como avaliar dois tipos diferentes de iscas atrativas em relação às espécies de formigas capturadas nas marismas do estuário da Lagoa dos Patos, Rio Grande, RS, Brasil. As coletas foram realizadas entre julho de 2011 e julho de 2012, na Ilha da Pólvora, Ilha da Torotama e Molhe Oeste da Barra de Rio Grande. Em cada área foram demarcadas seis transecções, ao longo das quais foram dispostas dez iscas (cinco de cada tipo). As iscas foram acondicionadas em envelopes de papel laminado e expostas por 60 minutos. Foram calculadas as frequências relativas e a constância faunística das espécies amostradas (constante, acessória e acidental). As espécies foram classificadas em três grupos de acordo com seus hábitos alimentares segundo uma análise de agrupamento por similaridade. A análise da significância das diferenças entre os grupos definidos na análise de agrupamento e o teste de hipóteses sobre as diferenças na distribuição das espécies entre os pisos da marisma foram calculados através de uma análise de semelhanças ANOSIM (one way). Para verificar a existência de relação entre a frequência das espécies e o nível de alagamento da lagoa foi realizada uma análise de correlação linear simples. Foram capturadas 47.661 formigas e 34 espécies, sendo 33 atraídas por sardinha e 28 por mel. A Ilha da Torotama e o Molhe Oeste da Barra demonstraram diferenças nos hábitos de forrageio das espécies. Foi observada, em média, uma maior preferência das espécies pela isca de sardinha na Ilha da Pólvora e no Molhe Oeste da Barra. Para a Ilha da Torotama não houve diferença na preferência pelas iscas. O piso alto das marismas exibiu 31 espécies, o médio 29 e o baixo, 18. O Molhe Oeste da Barra apresentou o maior número de espécies no piso baixo, 17. Não houve diferença significativa entre os pisos e entre as áreas, embora exista certo grau de dissimilaridade. As espécies que habitavam os pisos mais baixos exibiam estratégias de nidificação para residirem nesses locais. A riqueza de espécies presentes nessas áreas demonstra a importância desses ambientes.

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Palavras-chave: MarismasBrasilFormigasEcossistemasLagoa dos PatosInsetos