Tese - Ana Cecilia Giacometti Mai

Padrões de uso do habitat e estrutura genética de Lycengraulis grossidens (AGASSIZ, 1829) (Teleostei, Engraulididae)

Autor: Ana Cecilia Giacometti Mai (Currículo Lattes)

Resumo

Lycengraulis grossidens pode ser considerada uma espécie enigmática em relação ao uso do habitat, sendo classificada desde anádroma até catádroma. Através de uma abordagem multi-integrada, envolvendo análise de dados bibliográficos, uso de ferramentas moleculares e estudo de elementos químicos do otólito a presente tese tenta elucidar algumas questões importantes sobre sua bio-ecologia. Desta forma esta tese é constituída de quatro capítulos. O primeiro capítulo (publicado) consiste em uma revisão sobre o uso do habitat, distribuição e história de vida (Mai & Vieira 2013. Review and consideration on L. grossidens. Biota Neotrop 13: 121-130). O segundo capítulo (submetido à Estuarine, Coastal and Shelf Science) trata do padrão de uso do habitat revelado por análises químicas dos otólitos (Mai, Albuquerque, Vieira et al. High plasticity in habitat use of L. grossidens). O terceiro capítulo (publicado) é um trabalho técnico-científico onde foram isoladas e caracterizadas regiões microssatélites de L. grossidens (Mai, Vieira, Marins et al. 2013. Isolation and characterization of 18 microsatellites for L. grossidens. Cons Gen Res 5: 15-18). O último capítulo (inédito) descreve um estudo de genética populacional, baseado na região controle do DNA mitocondrial de L. grossidens, utilizando exemplares da porção sul de sua distribuição. Os resultados gerais sugerem que L. grossidens é capaz de se reproduzir em água doce ou salobra, com uma alta plasticidade no uso do habitat, apresentando migração parcial, com contingentes diádromo/nômades e residentes no mesmo local. A espécie apresenta um padrão clinal no comportamento migratório, com maior percentual de diâdromo/nômades em altas latitudes. Estas análises confirmaram, também, a presença de uma população residente de água doce no Rio Uruguai, e de um contingente residente na Lagoa Mirim. Análises de distância genética, baseadas na região controle do DNA mitocondrial, indicam que a população límnica do Rio Uruguai encontra-se semi-isolada, e tem recebido diversos pulsos de entrada de indivíduos através do Rio da Prata ao longo dos últimos 137 mil anos. Nos demais locais foi encontrado um elevado fluxo genético, sugerindo que se trata de uma população panmítica.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: EcologiaGenética de populaçõesQuímica de otólitosIsolamento populacionalUso do habitatLycengraulis grossidensPeixes