Dinâmica populacional do caranguejo Hepatus pudibundus Herbst, 1785 (Decapoda: Aethridae) na enseada de Balneário Camboriú, SC, Brasil
Autor: Francine de Oliveira Sardá (Currículo Lattes)
Resumo
Nos últimos 20 anos, o arrasto de camarão na plataforma continental brasileira aumentou substancialmente. Evidências sugerem que o caranguejo Hepatus pudibundus (Herbst, 1785) é bastante frequente e abundante como captura acessória no arrasto objetivando espécies de camarão. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi determinar aspectos da dinâmica populacional da espécie H. pudibundus na costa de Santa Catarina, a fim de subsidiar um plano de manejo adequado para a espécie na costa sul do Brasil. Foram realizados arrastos mensais entre maio de 2008 e abril de 2010, com um barco característico da frota artesanal camaroeira. A embarcação utilizada possui redes com malhas de 3,0 centímetros no corpo e 2,0 centímetros no ensacador. As capturas foram feitas nas profundidades de 7, 14 e 19 metros, onde foram medidos fatores ambientais como temperatura e salinidade de fundo. Em laboratório, foram realizadas a biometria dos indivíduos e a determinação do sexo. Foram coletados 1.882 indivíduos, 1.221 no primeiro ano e 661 no segundo, os picos de abundância no verão e no outono, com os maiores indivíduos encontrando-se na profundidade de 7 metros. Os machos atingiram maiores tamanhos que as fêmeas, e foi observada também uma diferença na média de tamanho de carapaça entre as três profundidades para ambos os sexos e para as fêmeas ovígeras. A razão sexual foi aproximadamente de 1:1, com 1,04 em favor das fêmeas. As relações biométricas entre largura e comprimento de carapaça indicaram alometria negativa para ambos os sexos e a relação entre largura da carapaça e peso também. Os fatores ambientais e a profundidade não evidenciaram influência significativa na abundância desta espécie. Os parâmetros de crescimento estimados foram: L∞= 69,00; k= 2.19/ano; t0=-5,00, com longevidade de 2,0 anos para fêmeas e L∞= 85,89; k= 1,82/ano; t0=-5,13, com longevidade de 2,4 anos para machos. Os coeficientes de mortalidade estimados foram: mortalidade total (Z) de 4,2 e 5,35; mortalidade natural (M) de 2,1 para ambos os sexos; mortalidade por pesca (F) de 2,1 e 3,25; e taxa de explotação (E) de 0,5 e 0,6 para fêmeas e machos, respectivamente. Assim, estes parâmetros populacionais podem servir como subsídio para a elaboração de planos de manejo que contribuam com a manutenção deste estoque no sul do Brasil. A época do defeso para o camarão sete-barbas, na região de Balneário Camboriú, a qual varia de março a maio, pode estar influenciando negativamente a abundância de H. Pudibundus, atuando especialmente sobre as fêmeas ovígeras e recrutas, já que os meses de defeso foram os de maior abundância destes.