Biologia reprodutiva das raias Sympterygia acuta Garman, 1877 E S. bonapartii Muller & Henle, 1841 (CHONDRICHTHYES, RAJOIDEI) na Plataforma Sul do Brasil.
Autor: Alexander Basallo Melo (Currículo Lattes)
Resumo
Sympterygia acuta e S. bonapartii são duas espécies de raias ovíparas endêmicas da costa Sul - Ocidental do Oceano Atlântico. No Brasil, ambas as espécies completam seu ciclo de vida nas águas costeiras do Sudeste e Sul. O estudo da reprodução das espécies em questão foi realizado três décadas atrás na região Sul do Brasil, constituindo uma valiosa referência para a avaliação do potencial reprodutivo destas espécies durante muito tempo. Porém, além de nunca ter sido publicado, os parâmetros reprodutivos nele estimados encontram-se desatualizados e possivelmente não se aplicam mais ao estado das populações atuais. Estudos reprodutivos em S. bonapartii referentes às populações da costa da Argentina e do Uruguai. Foram realizados posteriormente estudos que demonstraram mudanças no potencial reprodutivo de rajoídeos através do tempo, sendo a pressão pesqueira um dos fatores que atuarem sobre estes processos. O presente estudo teve como objetivo providenciar um panorama atual sobre a biologia da reprodução de S. acuta e S. bonapartii no sul do Brasil, em termos de desenvolvimento sexual no nível macro e micro-anatômico. Um total de 262 exemplares foram coletados entre fêmeas e machos das duas espécies, provenientes de cruzeiros de pesquisa e cruzeiros da frota comercial de pesca de arrasto de fundo no sul do Brasil. Foram coletados e registrados dados de diferentes parâmetros reprodutivos, e também os tratos reprodutivos de ambas as espécies foram extraídos para análises de histologia. Os resultados obtidos através das análises dos parâmetros reprodutivos incluíram a descrição do desenvolvimento sexual, as relações morfométricas e calculo CT50 de maturidade. Este último resultou em valores de 44,7 e 46,1 cm em fêmeas e machos de S. acuta, respectivamente, S. bonapartii apresentou valores de CT50 de 59,9 e 58,4 cm, indicando mudanças através do tempo para o tamanho de maturidade. Foram identificados os sete estágios da espermatogênese das espécies em questão, validados através de estudos realizados em outras espécies de elasmobrânquios. Alem foi descrita a micro-anatomia através de análises histológicas dos tratos reprodutivos e gônadas de machos de ambas as espécies estudadas. A descrição dos estágios da espermatogênese permitiu o calculo do CT50 histológico, correspondendo a 44,7 e 54,6 cm em S. acuta e S. bonapartii, respectivamente. Estes valores, quando comparados com CT50 morfológico, apresentaram diferenças em ambas as espécies estudadas, com valores menores de tamanho de maturidade com o método de CT50 histológico. A análise histológica do trato reprodutivo masculino, em ambas as espécies, mostrou diferenças durante o desenvolvimento sexual.