Dissertação - Katiele Dummel

Distribuição e interações ecológicas de Staphylinidae (coleoptera - insecta) nas marismas do Estuário da Lagoa dos Patos, RS, Brasil

Autor: Katiele Dummel (Currículo Lattes)

Resumo

Marismas são ecossistemas costeiros entremarés alagados irregularmente por água salgada, ocupados por vegetação herbácea e pequenos arbustos. As inundações periódicas influenciam na distribuição de espécies, porém os insetos residem de forma permanente nas marismas, sendo o grupo mais diversificado e abundante. Os estafilinídeos pertencem a maior família do Reino Animal e podem ser encontrados em ambientes úmidos, próximos a lagos e lagoas. O estudo inventariou riqueza e abundância de Staphylinidae nas marismas do estuário da Lagoa dos Patos, RS/Brasil, bem como buscou relações entre fatores abióticos e a variação espacial dos estafilinídeos. Em cada uma das marismas amostradas – Barra, Ilha da Pólvora e Ilha da Torotama – foram instaladas duas armadilhas luminosas, uma na marisma frequentemente alagada e outra na marisma raramente alagada, com periodicidade mensal. As amostragens foram realizadas entre setembro/2011 e agosto/2012. Foram coletados 1631 estafilinídeos, compreendendo 15 morfoespécies. Foram coletados 1073, 428 e 130 indivíduos nas áreas 1, 3 e 2, respectivamente. As espécies dominantes foram Bledius fernandezi, Carpelimus sp e Philonthus sp. A área 1 apresentou a maior diversidade (Ds= 0,9059) e a menor dominância (l= 0,0951); as áreas 2 e 3 apresentaram valores semelhantes entre si. A análise de similaridade demonstrou que a área 1 foi a única a apresentar espécies exclusivas, possuindo maior dissimilaridade. Tais resultados estão relacionados com as características e nível de antropização de cada área. Os ambientes de marisma estudados apresentam riqueza e abundância de Staphylinidae, até então desconhecidas. Ocorreu dominância de grupos tanto de hábito predador, quanto detritívoro, o que evidencia a alta disponibilidade alimentar nas marismas. Os estafilinídeos estabeleceram-se, preferencialmente, nas marismas frequentemente alagadas, quando estas não estavam alagadas. Conforme o Coeficiente de correlação de Spearman, dez espécies apresentaram forte correlação com a temperatura, sete espécies apresentaram forte correlação com a precipitação e oito apresentaram forte correlação com o nível médio da lagoa. Segunda a CCA, os estafilinídeos não apresentaram correlação significativa com os fatores abióticos testados (p=0,2880). Esses fatores podem estar diretamente relacionados aos picos de abundância no inverno e na primavera. Porém, ainda se faz necessário estudos que demonstrem qual o papel desses fatores abióticos no ciclo de vida dos estafilinídeos nas marismas.

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Palavras-chave: EcologiaMarismasLagoa dos PatosBrasilEcossistemas marinhosStaphylinidae