Ecologia alimentar de dois predadores de topo em uma situação de simpatria: o boto (Tursiops truncatus) e o leão-marinho (Otaria flavescens) no estuário da Lagoa dos Patos e costa marinha adjacente. LUARA
Autor: Luara Azevedo Lopez (Currículo Lattes)
Resumo
Neste estudo foram investigados a ecologia alimentar e a potencial competição por recursos entre o leão-marinho (Otaria flavescens) e o boto (Tursiops truncatus) que vivem em uma situação de simpatria no estuário da Lagoa dos Patos e costa marinha adjacente. As análises foram baseadas em conteúdos estomacais de 72 leões-marinhos e 46 botos, coletados no período de 2002-2012 e 2008-2012, respectivamente. Ambos os predadores comsumiram uma ampla variedade de presas. Apesar de peixes demersais-bentonicos, pelágicos, cefalópodes e crustáceos terem sido consumidos, peixes demersais e demersal-pelágicos predominaram na dieta. Otaria flavescens parece ter um nicho trófico mais amplo que Tursiops truncatus. Essa diferença pode ser atribuída, ao menos em parte, ao comportamento comensal de leões-marinhos machos adultos, os quais se alimentam de descartes de pescarias. Diferenças intra-específicas na dieta foram encontradas entre os sexos (apenas para leões-marinhos) e classes de maturidade para ambas as espécies. Essas duas espécies apresentaram também diferenças na utilização de recursos em curto (estações) e longo (inter-decadal) prazo na escala de tempo. Mesmo em baixas densidades, esses dois predadores de topo simpátricos estão explorando o ecossitema com alguma separação de nicho ou divisão de recursos intra e inter-específica, o que traz vantagem para suas populações por minimizar a competição por recursos.