Alterações de longo prazo na estrutura dinâmica populacional da pescadinha Macrodon atricauda (Günther, 1880) no sul do Brasil.
Autor: Luis Gustavo Cardoso (Currículo Lattes)
Resumo
A intensa exploração pesqueira tem causado alterações na dinâmica e na estrutura de populações de peixes marinhos no mundo todo, o que muitas vezes leva ao colapso das pescarias. A pescadinha, Macrodon atricauda, é um peixe cienídeo demersal costeiro que tem sido explorado no sul do Brasil desde a década de 1950, principalmente por arrasteiros industriais de parelha, o que resultou na diminuição da abundância, no aumento do crescimento e, como demonstrado nesta tese, na diminuição no comprimento (Ct50) e na idade (I50) de primeira maturação, no aumento da mortalidade e na alteração da estrutura e diversidade de idades. O declínio na abundância diminuiu a competição e aumentou a intensidade alimentar, o que, por sua vez, impulsionou alterações dependentes da densidade como a diminuição na I50 e aumento no crescimento. Já a diminuição no Ct50 foi resultado da pressão de seleção causada pela pesca, que, possivelmente, aumentou a frequência de indivíduos com genótipos para reprodução a menores comprimentos. Estimou-se que os aumentos na mortalidade combinados com as alterações na maturação sexual, no crescimento e na estrutura de idades resultaram num declínio da biomassa total de machos e fêmeas para 35 e 27% da biomassa virginal e que a biomassa reprodutiva de fêmeas declinou para 28% da biomassa virginal, o que pode ter afetado severamente o potencial reprodutivo da população. Nos últimos 30 anos, o estoque resistiu a altas taxas de exploração (E entre 0,5 e 0,7 ao ano) provavelmente devido às suas características de história de vida que favorecem a resiliência como alta fecundidade, a maturação precoce, rápido crescimento individual e vida curta. No entanto, o nível atual de alta mortalidade, baixa diversidade de idades, história de vida tensionada, baixa biomassa e altas taxas de exploração, aumenta o risco de colapso da pescaria. Uma abordagem precautória sugere a necessidade de redução do esforço pesqueiro.