Variações temporais e espaciais dos copépodes e da biomassa zooplanctônica na Plataforma Continental e talude superior do extremo sul do Brasil.
Autor: Anette Kummel Duarte (Currículo Lattes)
Resumo
O zooplâncton é um componente importante dos ecossistemas marinhos por ser elemento chave nas relações tróficas pelágicas. Os copépodes, um dos principais componentes do zooplâncton, são agentes na transformação e transporte da matéria orgânica para as águas profundas, processo importante como fonte de energia para os detritívoros e no ciclo dos compostos orgânicos e inorgânicos nos ecossistemas pelágicos. A região do extremo sul do Brasil apresenta grande produção biológica, não obstante, existe carência de informação sobre este componente-chave. O objetivo deste trabalho foi determinar a distribuição (horizontal e vertical) da biomassa do zooplâncton, em teor de carbono, a composição e abundância dos copépodes retidos pela rede de malha de 150 μm, e suas variações sazonais e fatores relacionados, especialmente massas de água e teor de clorofila a. As amostras foram coletadas com rede cilindro-cônica de malha de 150 μm, em arrastos verticais estratificados na região da plataforma e talude superior na região da plataforma continental (31º 40´ S e 33º 45´ S) do Estado do Rio Grande do Sul, em out/1987, set/1988, fev/1990 e junjul/1991. A distribuição horizontal e vertical da biomassa zooplanctônica e abundância de copépodes variaram em relação às estações do ano. Os maiores valores ocorreram na região costeira da plataforma continental e no estrato superficial (até 50 m). Os valores altos de biomassa na primavera (33 mg C m-3) e no inverno (11 mg C m-3) estiveram relacionados com a Pluma do Rio da Prata (PRP) e no verão (30 mg C m-3) com a Água Subtropical de Plataforma (ASTP). O maiores valores de clorofila a (até 2.56 mg m¯³) foram no outono, e relacionados com a PRP, Água Subantártica de Plataforma (ASAP) e a ASTP. A composição em espécies de copépodes foi influenciada pela presença de diferentes massas de água. A abundância de copépodes foi maior no verão, com valor máximo de 34 428 ind, m-3, o máximo valor registrado para copépodes na área. Os maiores valores de densidade foram relacionados com a ASTP no verão, e com a PRP no inverno. Espécies de Oncaea apresentaram maior abundância e Oithona similis a maior freqüência de ocorrência, indicando a importância de espécies de pequeno tamanho. A produção diária inferida para o zooplâncton (2.36 mg C m-3 d-1) corresponde a uma produção anual média de 861 mg C m-3 a-1 e 44 g C m-2 a-1. Desta forma, a biomassa de zooplâncton e a abundância de copépodes, relacionadas principalmente com as águas costeiras e as frias, ricas em nutrientes e com alta biomassa de fitoplâncton, desempenham importante papel no fluxo da matéria e energia, contribuindo para a manutenção dos elevados estoques de recursos pesqueiros na região.