Dissertação - Joseane Aparecida Marques

Resposta de biomarcadores em Amphistegina spp. (Amphisteginidae,foraminifera) expostos ao cobre e acidificação marinha.

Autor: Joseane Aparecida Marques (Currículo Lattes)

Resumo

A contaminação por metais é uma ameaça à qualidade dos recifes de coral. Além disso, impactos globais como a acidificação marinha (AM) podem prejudicar a calcificação em vários organismos que ocorrem nesses ecossistemas, como corais e foraminíferos. Neste contexto, os foraminíferos do gênero Amphistegina vem sendo utilizados como bioindicadores da saúde de ambientes recifais. O objetivo do presente estudo foi avaliar o efeito da exposição ao cobre (Cu) e à AM sobre a atividade de enzimas envolvidas na calcificação em foraminíferos e o branqueamento em Amphistegina spp. Indivíduos do gênero Amphistegina foram coletados no Parque Municipal Marinho do Recife de Fora (Porto Seguro, BA), aclimatados no mesocosmo marinho do Projeto Coral Vivo (Arraial dAjuda, Porto Seguro, BA) e depois mantidos sob condição controle (1,0 g/L Cu dissolvido) ou expostos (10 e 25 dias) a concentrações ambientalmente relevantes de Cu dissolvido (1,6; 2,3 e 3,2 g/L), combinadas com diferentes níveis de pH da água do mar (8,1; 7,8; 7,5 e 7,2). Após exposição, foram avaliadas as atividades da Ca2+-ATPase e Mg2+-ATPase, bem como a frequência de branqueamento. A exposição combinada ao Cu e AM por 10 dias alterou a atividade da Ca2+-ATPase. Por sua vez, a atividade da Mg2+-ATPase foi reduzida em foraminíferos expostos ao Cu, sendo que essa inibição aumentou com o incremento da AM. A frequência de branqueamento foi maior no pH mais baixo, com um evidente efeito interativo do Cu. Os efeitos interativos da AM e da exposição ao Cu podem ser explicados pela maior disponibilidade de íons livres de Cu em condições mais ácidas, aumentando assim a competição destes íons com o Ca2+ e o Mg2+ pelos sítios de ligação no organismo, alterando a atividade da Ca2+- e Mg2+-ATPase. Por ter sido realizado em um sistema de mesocosmo, o presente estudo incorpora a complexidade ecológica do ambiente, e fornece resultados realistas do ponto de vista fisiológico e ecotoxicológico. Os resultados indicam que a calcificação e fotossíntese em Amphistegina spp. são influenciadas pela exposição ao Cu e a AM.Portanto, sugerem a utilização de foraminíferos como bioindicadores e dos biomarcadores analisados no presente estudo são importantes ferramentas para detectar e monitorar os impactos ecológicos da contaminação da água do mar com Cu, especialmente em um cenário de AM.

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Palavras-chave: Recifes de coraisContaminaçãoMetaisCobreAcidificação dos oceanosBiomarcadoresForaminiferaMudança climática