Dissertação - Letícia Maria Cavole

A interpretação da microestrutura e macroestrutura dos otólitos na determinação de idades, estimativa do crescimento e idade de primeira maturação de Urophycis brasiliensis no sul do Brasil.

Autor: Letícia Maria Cavole (Currículo Lattes)

Resumo

A incerteza sobre as determinações de idades da abrótea Urophycis brasiliensis registrada em diversos trabalhos constitui um entrave para o estudo de sua estratégia de vida e eventualmente da avaliação do seu estado de exploração. Foram registrados comprimentos totais (CT; 133 - 600 mm), sexos, estágios de maturação sexual (n = 507) e coletados os otólitos sagitta (n = 441) de exemplares desembarcados pela pesca comercial ao longo do sul do Brasil, entre junho de 2012 e julho de 2013. A reprodução não apresenta sazonalidade definida, a espécie é desovante múltipla, e os tamanhos de primeira maturação sexual ocorre com 296 mm nos machos e 402 mm nas fêmeas. As análises de incrementos marginais sobre os otólitos não permitiram validar a periodicidade anual na alternância de bandas opacas e translúcidas na macroestrutura dos otólitos. Em contraste, a microestrutura de 52 juvenis (46 - 231 mm CT) mostrou a deposição de microincrementos nítidos com uma taxa de crescimento diário consistente com o observado em outros gadiformes. O crescimento foi descrito pelo modelo de von Bertalanffy (VB) através de uma abordagem bayesiana com dados de microestrutura e valores de comprimento assintótico () estimados a partir das composições de comprimentos de desembarques e dos comprimentos de primeira maturação sexual (50 ). A consistência do modelo foi testada pela comparação das curvas de crescimento estimadas para duas espécies na região para as quais se contam com contagens de anéis diários e annuli validadas (Micropogonias furnieri e Macrodon atricauda). Os parâmetros de von Bertalanffy estimados para as fêmeas de abrótea foram = 580 mm, k = 0,71 1, e 0 = - 0,01 ano, e para machos foram = 380 mm, k = 1,19 1, e 0 = - 0,01 ano. As idades de primeira maturação sexual foram de 1,3 anos (95%= 1,1 - 1,5) para os machos e 1,7 anos (95%= 1,6 - 1,8) para as fêmeas, consistentes com outras espécies congêneres. A abordagem proposta pode ser uma alternativa para espécies com a macroestrutura dos otólitos de difícil interpretação, para os quais se contam com contagens de anéis diários nos otólitos dos juvenis.

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Palavras-chave: PeixesUrophycis brasiliensisDeterminação da idadeCrescimentoCiclo reprodutivoAnálise bayesiana