Dissertação - Thaísa Fernandes Bergamo

Importância de macroalgas marinhas na dieta de juvenis de Chelonia mydas Linnaeus, 1758 no sul do Rio Grande do Sul

Autor: Thaísa Fernandes Bergamo (Currículo Lattes)

Resumo

Dentre as sete espécies de tartarugas marinhas existentes no globo, a tartaruga-verde Chelonia mydas, é a única considerada herbívora em sua fase adulta. Chelonia mydas apresenta mudanças no seu hábito alimentar ao longo da vida, utilizando primeiramente o ambiente pelágico onde tem uma dieta onívora e, posteriormente, se alimenta em ambiente nerítico, em habitats bentônicos. Na costa do sul do Brasil, a espécie é avistada ao longo do litoral bem como em regiões de lagunas, onde sua alimentação foi caracterizada como onívora e oportunista e com variação temporal através de análises do conteúdo gastrointestinal. O presente estudo analisou os valores de isótopos estáveis de 13C e 15N na pele e músculo de juvenis de C. mydas, visando avaliar a importância das macroalgas e fanerógamas marinhas na ecologia alimentar destes animais. Os valores de 13C e 15N da pele e músculo de 48 animais encontrados encalhados na costa sul do Rio Grande do Sul (31°21S a 33°45S) entre maio de 2013 e julho de 2014, foram obtidos por meio de espectrometria de massas de razão isotópica. Uma subamostra de tecidos de 15 indivíduos foi utilizada para verificar a necessidade de extrair os lipídeos nestas amostras através do uso do solvente clorofórmio-metanol. A contribuição isotópica dos diferentes itens alimentares para a dieta de C. mydas foi calculada através de modelos de mistura isotópicos Bayesianos. Os modelos foram desenvolvidos para dois períodos do ano: quente e frio. Os resultados sugeriram que há a necessidade da extração de lipídios apenas no músculo, uma vez que os valores de 13C foram modificados significativamente após a extração. Através do teste t de Student e teste U de Mann Whitney, os valores de 13C e 15N foram comparados entre os períodos quente e frio. O comprimento curvilíneo da carapaça (CCC) dos indivíduos various de 30 a 50 cm, sendo considerados juvenis. O teste não paramétrico foi aplicado somente para 13C de pele. Nenhuma diferença significativa foi encontrada, exceto para os valores de 15N da pele que foram mais elevados no período frio. Todos os modelos de mistura desenvolvidos indicaram uma maior contribuição das algas vermelhas na dieta de C. mydas, em relação aos outros itens alimentares (i.e. algas verdes, gastrópodes e cnidários). Assim, as pradarias de macroalgas da região são um recurso alimentar importante para os juvenis de C. mydas na região do presente estudo, devido à assimilação observada desse grupo alimentar em detrimento dos itens animais. Entretanto, estudos a longo prazo com análises de tratos gastrointestinais em conjunto com AIE são necessários para o melhor entendimento da ecologia alimentar e as assimilações na dieta de Chelonia mydas do sul do Brasil.

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Palavras-chave: Ecologia alimentarTartaruga-verdeConteúdo gastrointestinalIsótopos estáveis