Dissertação - Thaise Lima de Albernaz

Diferenças intra e interespecíficas na ecologia espacial e trófica de três espécies do genêro Arctocephalus

Autor: Thaise Lima de Albernaz (Currículo Lattes)

Resumo

Estudos a respeito de hábitos de forrageio de mamíferos marinhos são importantes para entender suas interações tróficas, além de identificar as posições que eles ocupam nas teias alimentares, contribuindo para o entendimento da estrutura trófica, do fluxo de energia e do funcionamento dos ecossistemas marinhos. Uma forma de evidenciar o nicho ecológico de um predador é através do nicho isotópico formado pelos valores de 15N (eixo trófico) e de 13C (eixo espacial). Adicionalmente, ao analisar a composição isotópica de tecidos inertes com deposição cronologicamente ordenada de material (e.g. dentes) a variação temporal pode ser incorporada, obtendo-se assim uma visão mais abrangente do nicho ecológico. No presente trabalho uma abordagem isotópica foi utilizada para investigar as diferenças intra e interespecíficas na ecologia espacial e trófica de três espécies do gênero Arctocephalus que habitam latitudes distintas: subtropical (A. australis), subpolar (A. tropicalis) e polar (A. gazella). Os dentes caninos de 40 indivíduos encontrados mortos no litoral do Rio Grande do Sul (Brasil) foram utilizados. As idades foram estimadas através da contagem dos Growth Layer Groups (GLGs) na dentina. Os valores de 13C e 15N foram obtidos para cada GLG. A amplitude e sobreposição de nicho isotópico foram calculados por meio da ferramenta SIBER para cada sexo e cada grupo etário (juvenil, subadulto, adulto) das três espécies. Modelos aditivos generalizados (GAM) foram ajustados aos dados cronologicamente ordenados de 13C e 15N de machos e fêmeas das três espécies de lobos-marinhos, para verificar a variação ontogenética dos valores isotópicos. A três espécies apresentaram segregação no nicho espacial e trófico, resultado do forrageio nas diferentes latitudes ocupadas pelas três espécies. Machos e fêmeas de A. australis apresentaram segregação total no nicho, onde machos ocupam posições tróficas mais altas do que as fêmeas no -espaço. Por outro lado, A. tropicalis e A. gazella apresentaram sobreposição de nicho entre os sexos, porém os machos apresentaram maior amplitude de valores de 13C, sugerindo a utilização de uma maior área de forrageio que as fêmeas. Diferenças significativas foram encontradas entre os GLGs, demostrando uma marcada variação ontogenética, principalmente nos primeiros anos de vida dessas espécies.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Mamíferos marinhosDietaUso do habitatNicho isotópicoIsótopos estáveisArctocephalus gazellaArctocephalus tropicalisArctocephalus australis