Dissertação - Liane de Oliveira Artico

Filogenia da região controle do DNA mitocondrial e avaliação da contaminação por metais na pele do leão-marinho (Otaria flavescens) encalhados no Rio Grande do Sul

Autor: Liane de Oliveira Artico (Currículo Lattes)

Resumo

Ao longo da costa brasileira existem dois locais de agregação do leão marinho Otaria flavescens (Ilha dos Lobos e Molhe Leste da Barra do Rio Grande), ambos no Rio Grande do Sul. Esses locais estão sob constante influência de impactos naturais e antrópicos (poluição e pesca), que oferecem riscos aos animais aquáticos (toxicidade e perda de variabilidade genética). Devido a bioacumulação e persistência dos metais, suas concentrações nos tecidos de mamíferos podem caracterizar grupos ecológicos distintos a partir de um perfil de contaminação ambiental. No presente estudo, o grau de diferenciação entre leões-marinhos encontrados mortos no litoral Sul do Rio Grande do Sul, entre maio de 2005 e setembro de 2006, foi avaliado através da variação genética na seqüência da região controle do DNA mitocondrial em um fragmento de 287pb. Foram descritos 7 novos haplótipos para os leões marinhos do Atlântico Sul Ocidental, sendo o haplótipo OFA1 o mais freqüente (52%). A diversidade nucleotídica foi moderada (= 0,00615) e a haplotípica relativamente baixa (67%). Além disso, foi observado um valor significativo (93%) entre as relações filogenéticas do D-loop mitocondrial entre as populações de O. flavescens do oceano Atlântico e do oceano Pacífico. Quanto aos estudos de contaminação por metais, as concentrações médias (µg/g de peso seco) de Ag (0,34), Cu (0,93), Fe (68,25), Cd (0,43), Pb (4,95) e Zn (9,81) na pele dos leões-marinhos amostrados indicaram níveis elevados de Ag, Cd, Pb e Fe. De forma geral, os maiores níveis de contaminação foram observados nos animais coletados próximos à desembocadura dos estuários da Lagoa dos Patos (Rio Grande, RS) e Arroio Chuí (Chuí, RS). Além disso, foram observadas variações sazonais nos níveis de contaminação por Ag e Zn. Porém, estes níveis não dependeram do haplótipo, sexo e biometria do animal, bem como do grau de decomposição da amostra. Os resultados genéticos sugerem que os leões-marinhos que ocupam o litoral sul do Rio Grande do Sul para alimentação e repouso têm origens de distintas colônias reprodutivas. No entanto, os dados de contaminação por metais sugerem que estes animais estão compartilhando o mesmo habitat ou habitats com perfis semelhantes de contaminação ambiental.

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Palavras-chave: OceanografiaBiologiaMetaisPoluiçãoBrasil