Dissertação - Afranio Gomes Neto

Avaliação da toxidez e potencial de fitorremediação da água de produção de petróleo salina halófita Spartina alterniflora loisel. (POACEAE)

Autor: Afranio Gomes Neto (Currículo Lattes)

Resumo

A água de produção (AP) é um efluente de composição complexa e variada proveniente da extração de petróleo. Visando avaliar o potencial de crescimento e fitorremediação da AP pela grama de marismas Spartina alterniflora, esta planta foi cultivada em algumas concentrações deste efluente para determinar sua sensibilidade e, posteriormente, ser quantificada sua capacidade de alterar a composição química da AP em um experimento piloto. Propágulos de S. alterniflora foram cultivados por sete semanas em vasos com AP salina bruta (concentração salina = 30 g NaCl L-1) e diluída em água destilada. Foram utilizadas 20 repetições para cada uma das seguintes concentrações: 100%, 80%, 50%, 30% e 10% AP e solução salina controle (10 g NaCl L-1 - na qual o crescimento da planta é ótimo). As sobrevivências diferiram significativamente entre os tratamentos (Chi-quadrado post hoc Log Rank). As sobrevivências em 30% AP e 10% AP (ambas 75% de sobrevivência) foram significativamente superiores que em 100% AP (35% de sobrevivência). As biomassas médias de raízes em 50% AP, 30% AP e 10% AP (116,3 - 151,6 mg) foram significativamente maiores (ANOVA post hoc LSD) do que no controle (39,5 mg). Já as biomassas de brotos produzidos em 30% AP e 10% AP (102,9 e 99,8 mg) foram significativamente maiores que em 80% AP e controle (25,7 e 28,4 mg). Estes resultados demonstraram a viabilidade de cultivar S. alterniflora em AP. O melhor desempenho de S. alterniflora cultivada em AP diluída (10% AP e 30% AP) em relação ao controle sugere que, uma vez diluídos os poluentes da AP, os nutrientes dissolvidos neste efluente podem sustentar um crescimento vigoroso desta planta. No segundo experimento, propágulos de S. alterniflora foram cultivados durante 21 dias em galões (n = 5) com 50 L de AP diluída a 30% (concentração salina = 10 g NaCl L-1) e as alterações nas concentrações de NNH4+ e óleos e graxas (O&G) no efluente foram comparadas com galões controle, sem a presença de plantas. Foi também avaliado o acúmulo de N nos diferentes tecidos de S. alterniflora. Ao final do experimento, a concentração de N-NH4+ foi significativamente menor (ANOVA medidas repetidas) nos galões com S. alterniflora (49 mg L-1 contra 60 mg L-1 do controle). Entretanto, em ambos os tratamentos ocorreram semelhantes oscilações temporais na concentração de NNH4+, com magnitudes maiores do que diferença final entre os tratamentos, sugerindo que a microbiota exerceu uma maior influência sobre o nitrogênio amoniacal do que a presença da planta. S. alterniflora, contudo, acumulou N em seus tecidos, sendo a maior concentração nos brotos e a menor nas folhas mortas, demonstrando sua capacidade de absorver e acumular este nutriente. A concentração de O&G não apresentou diferença significativa entre os tratamentos, mas sua redução, na primeira semana, foi mais acentuada no tratamento contendo S. alterniflora. São levantadas hipóteses sobre a influência da planta no crescimento da microbiota, além dos efeitos da temperatura, pH e da microbiota na redução do N-NH4+ e na degradação dos O&G.

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Palavras-chave: Extração do petróleoÁgua de produçãoGrama de marismaSpartina alternifloraFitorremediação