Dissertação - Pablo Mendonca

Análise comportamental de juvenis de tartarugas marinhas (Chelonia mydas & Eretmochelys imbricata) em um ambiente recifal de águas rasas do Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha- Pernambuco, Brasil

Autor: Pablo Mendonca (Currículo Lattes)

Resumo

Os comportamentos de forrageio, locomoção, descanso, limpeza e os eventos de menor duração envolvendo respiração e interações agonísticas dos juvenis das tartarugas marinhas, Chelonia mydas e Eretmochelys imbricata, foram analisados e descritos, em um ambiente recifal de águas rasas da Baía do Sueste, no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha. Durante 41 sessões de mergulho livre, entre janeiro e abril de 2008, foram realizadas amostragens de varredura e focais, para registros da freqüência e duração dos comportamentos. No total, foram realizados 1321 avistagens de Chelonia mydas, e 119 de Eretmochelys imbricata. A Baía do Sueste oferece abrigos e alimento para juvenis de 30 a 80 cm. Agregações co-específicas foram verificadas apenas entre C. mydas, enquanto E. imbricata apresentou hábito solitário. O regime de marés semi-diurnas, associado às baixas profundidades foram determinantes dos padrões comportamentais das tartarugas. Forrageio, locomoção e descanso foram, nessa ordem, os comportamentos mais freqüentes de C. mydas, cuja dieta variou com preferência de Rhodophyceae sobre o recife, e monocotiledôneas marinhas no canal de areia durante a maré baixa. Locomoção e descanso foram os comportamentos mais freqüentes de E. imbricata. A interação com peixes recifais durante a limpeza segue um padrão comportamental semelhante para ambas as espécies, as quais estabelecem associação com limpadores por meio de posturas corporais, exibidas em setores específicos da bancada recifal do lado oeste. Acanthurus chirurgus e Abudefduf saxatilis destacam-se como as principais espécies prestadoras de "serviços" de limpeza. A composição de espécies de limpadores não esteve relacionada com a espécie de tartaruga, mas sim aos setores da bancada. As tartarugas desestruturam o substrato durante atividades de forrageio, atraindo diferentes espécies de peixes "seguidores" ao disponibilizarem itens na coluna dágua, que antes estavam inacessíveis a oportunistas, demonstrando outro tipo de associação ecológica entre estes e as tartarugas. Interações agonísticas foram observadas apenas entre animais que descansavam abrigados e "intrusos" que se aproximavam nadando, sugerindo territorialidade entre os indivíduos. As disputas pelo abrigo apresentaram escaladas seqüenciais na estrutura das performances, ritualizadas em combates agressivos apenas na metade dos casos. "Residentes" e "intrusos" apresentaram taxas de êxitos semelhantes.

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