Dissertação - André Luiz Braga de Souza

Ultraestrutura do espermatozóide e efeito da alimentação na qualidade espermática do camarão-rosa Farfantepemaeus paulensis (Crustacea: decapoda)

Autor: André Luiz Braga de Souza (Currículo Lattes)

Resumo

Os estudos desenvolvidos na presente dissertação tiveram como objetivo contribuir para o conhecimento de aspectos da biologia reprodutiva do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis. O primeiro estudo objetivou caracterizar a ultraestrutura do espermatozóide do camarão-rosa. Para esse estudo de caracterização morfológica, os espermatóforos e espermatozóides foram analisados em microscopia eletrônica de varredura e de transmissão. O espermatozóide do camarão-rosa foi classificado como uniestrelado, constituído por um corpo principal e um único espinho derivado do acrossoma. O corpo principal do espermatozóide é formado por uma fina camada citoplasmática perinuclear, pelo pró-núcleo constituído de cromatina em estado fibrilar, pelo capuz acrossômico e pela região subacrossômica. O espinho é formado por microfilamentos em toda sua extensão. O comprimento total médio dos espermatozóides é de 10,71µm, com diâmetro médio do corpo de 5,56µm e espinho com 5,15µm de comprimento médio e 0,85µm de diâmetro. Os comprimentos do espermatozóide e do espinho e as membranas lamelares citoplasmáticas pouco visíveis são as características ultraestruturais específicas do espermatozóide desta espécie. O segundo estudo teve como objetivo avaliar o efeito da dieta na qualidade espermática e a composição bioquímica nos tecidos. Nesse experimento foram testados três tratamentos: alimento fresco, ração e alimento fresco mais a ração. A qualidade espermática foi avaliada por meio dos parâmetros: peso do espermatóforo, índice espermatossomático, número de espermatozóides, taxas de melanização e de ausência de espermatóforo. Os tecidos utilizados para a análise bioquímica de proteína, triglicerídeos e glicose, foram hemolinfa, hepatopâncreas e músculo. Ao final do experimento, a sobrevivência média final dos camarões de cada tratamento foi calculada. Após os 40 dias de experimento, o peso do espermatóforo e o número de espermatozóides não diferiram entre os tratamentos. No tratamento ração a taxa de melanização (42,85%) foi maior do que nos tratamentos alimento fresco (15,38%) e alimento fresco mais ração (12,51%). Em camarões alimentados apenas com ração foi registrado o maior percentual de ausência de espermatóforo (42,85%). No final do período experimental, todos os animais do tratamento ração apresentaram espermatóforos. Entre os tratamentos, a concentração média de glicose na hemolinfa foi a única que apresentou variação significativa, com maior média associada à ração (31,19mg.dl-1), identificada como estresse fisiológico nos camarões. A sobrevivência média final registrada no tratamento ração foi de 50%, contudo não houve diferença em relação aos demais tratamentos (86,66% para ambos). O estudo indica que para os machos reprodutores de F. paulensis o uso de apenas ração é prejudicial para o estado fisiológico e para a qualidade espermática, principalmente em relação às taxas de melanização e ausência de espermatóforo. Além disso, a inclusão de itens frescos é importante por evitar: estresse, baixas sobrevivências e elevadas taxas de melanização e de ausência de espermatóforo.

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Palavras-chave: OceanografiaBiologia marinhaCrustáceosCamarão-rosaFarfantepenaeus paulensisAlimentaçãoReproduçãoEspermatozoides