Tese - Sonia Marcia Kaminski

Mesozooplâncton do estuário da Lagoa dos Patos e zona costeira adjacente com ênfase para os copépodes Acartia tonsa, Pseudodiaptomus richardi e Notodiaptomus incompositus (2000-2005)

Autor: Sonia Marcia Kaminski (Currículo Lattes)

Resumo

A abundância e distribuição dos maiores grupos taxonômicos e das principais espécies do mesozooplâncton de enseadas rasas do Estuário da Lagoa dos Patos (ELP) e da Zona de Arrebentação da Praia do Cassino (ZAPC), Brasil - RS, foram analisados mensalmente durante os anos 2000-2005. Três copépodes freqüentes no ELP, Acartia tonsa, Notodiaptomus incompositus e Pseudodiaptomus richardi (espécies-alvo), tiveram sua variação espacial e temporal analisada separadamente, sendo os resultados de campo discutidos em relação às variações ambientais, informações de cultivos experimentais, e com a ocorrência de fenômenos climáticos El Niño e La Niña. Além disso, foram avaliados os efeitos da salinidade e dieta algal no número de ovos produzidos pelos copépodes P. richardi e N. incompositus, através da realização de experimentos laboratoriais. Para a espécie P. richardi, também foi executado experimento de crescimento em diferentes salinidades, sob alimentação em excesso. As diferenças espaciais e sazonais da comunidade estiveram associadas à salinidade e/ou temperatura. Na ZAPC, onde a média de salinidade foi maior (27), Metamysidopsis elongata atlantica foi importante numericamente, já no ELP (médias de salinidade entre 8 e 10), o copépode N. incompositus e o cladócero Moina micrura foram espécies importantes. A espécie eurihalina A. tonsa foi importante em toda a extensão da área estudada. Com relação à determinação das variações sazonais, os organismos que apresentaram maiores índices de contribuição determinados a partir das análises SIMPER foram N. incompositus (inverno e primavera) e A. tonsa (outono e verão) no ELP; e A. tonsa (inverno), M. elongata atlantica (primavera), Subeucalanus pileatus (verão) e Temora turbinata (outono) na ZAPC. No ambiente, A. tonsa e P. richardi ocorreram em amplo intervalo de salinidade (0-36) e temperatura (10-30), enquanto N. incompositus ocorreu representativamente apenas em baixa salinidade (0-10) e mesma faixa de temperatura que A. tonsa e P. richardi. Períodos sob influência do fenômeno La Niña parecem favorecer A. tonsa, enquanto sob influência do El Niño há evidências de diminuição desta espécie e favorecimento para P. richardi e N. incompositus no ELP. Os resultados dos experimentos demonstraram que P. richardi é uma espécie amplamente eurihalina, obtendo sucesso no seu desenvolvimento de náuplios até a fase adulta quando cultivado nas salinidades (S) 5, 15 e 30. A sobrevivência média foi de 40,51%, alcançando 49% na S 15. O tempo médio de desenvolvimento foi de 16 dias (20° C), não sendo observadas diferenças estatísticas entre as salinidades testadas. O copépode N. incompositus apresentou características oligohalinas, os adultos da espécie apresentaram sobrevivência média de 79% em salinidades 1 e 5, de 20 % em S 10, e mortalidade total em S 15. A produção de ovos desta espécie foi baixa nas salinidades 5 e 1 e nula em S 10. Não foram observadas diferenças estatísticas entre os valores de produção de ovos de cada espécie encontrados sob as diferentes dietas utilizadas; porém, comparando os valores obtidos para as duas espécies, a média encontrada para P. richardi foi em média 20 vezes maior que a encontrada para N. incompositus.

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Palavras-chave: OceanografiaBiologia marinhaMesozooplânctonCopépodesEstuáriosLagoa dos PatosBrasil