Tese - Gabriela Amaral de Rezende

Avaliação do impacto da pesca de arrasto artesanal do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis (PÉREZ FARFANTE, 1967), no estuário da Lagoa dos Patos.

Autor: Gabriela Amaral de Rezende (Currículo Lattes)

Resumo

O camarão-rosa, Farfantepenaeus paulensis, no estuário da Lagoa dos Patos é uma importante fonte de renda para as comunidades artesanais locais. Sua pescaria é regulamentada pela normativa que estabelece entre outras coisas o período de pesca, o tamanho de captura, e a proibição do uso de redes de arrasto. Contudo, os pescadores demandam a alteração de um calendário de pesca fixo para um flutuante, com abertura no momento em que o camarão alcance o tamanho mínimo de captura, e, ainda, a liberação do uso de redes de arrasto de portas. O calendário de pesca e o tamanho mínimo de captura foram baseados no ciclo de vida da espécie, para minimizar a captura dos camarões em desenvolvimento. Já a proibição da pesca de arrasto está baseada na baixa seletividade desta arte de pesca. O presente estudo apresenta informações para elucidar o efeito real da pesca de arrasto de portas no estuário, e fornecer subsídio de discussões entre gestores e pescadores. Analisou-se a estrutura de tamanho do camarão-rosa capturado com redes de arrasto, com foco sobre as proporções de camarões menores que o tamanho de captura definidos pela legislação (90 mm - comprimento total). Não foi observado conformindade entre os tamanhos de captura obtidos através da rede de arrasto com o tamanho mínimo exigido por lei. O mês, a região, e a profundidade de pesca exerceram influência sobre a variabilidade das proporções de camarão menores do que o permitido. Portanto, recomenda-se que a legislação atual continue em vigor. No entanto, se houver a aprovação em relação ao calendário de pesca flutuante, deverão ser analisados os comprimentos do camarão em várias regiões do estuário devido à variabilidade de acordo com a região. Foi descrita e quantificada numericamente a assembleia de espécies capturadas incidentalmente através da pesca de arrasto de camarão e suas relações com as condições ambientais. A captura incidental foi composta por 61 espécies de peixes, crustáceos e moluscos. Micropogonias furnieri, Callinectes sapidus e Genidens barbus dominaram a captura. Um maior número de espécies foi capturada durante o ano de seca, que favorece a entrada de espécies marinhas. Já durante o ano em que a salinidade estava menor houve uma maior dominância de Micropogonias furnieri e Callinectes sapidus. Ainda, para verificada a variabilidade na taxa de captura incidental média, sendo em média de 86% (6:1). A captura incidental em taxa não apresentou o mesmo padrão de variação que a captura incidental em peso. Durante épocas em que a taxa foi mais baixa a remoção em peso de captura incidental foi similar as epócas em que a taxa de captura incidenta foi alta. Isso evidencia que o uso de taxa de capturas incidental isoladamente não indica o impacto real causado pela pesca de arrasto. Ainda, através do uso do sidescan, puderam ser observadas marcas no substrato do estuário deixado pelos barcos de arrasto de portas, e pela digitalização das marcas observadas foi possível criar mapas de densidade de pesca de arrasto. Os dados apresentados esclarecem o impacto o causado pela rede de arrasto de portas no estuário da Lagoa dos Patos.

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Palavras-chave: OceanografiaPesca artesanalCamarão-rosaFarfantepenaeus paulensisLagoa dos PatosRio Grande do SulBrasilPesca de arrasto