Ocorrência sazonal relacionada a fatores ambientais da raia Manta birostris (Walbaum, 1792) no Complexo Estuarino de Paranaguá, sul do Brasil
Autor: Andrielli Maryan Medeiros (Currículo Lattes)
Resumo
Fatores abióticose bióticos podem afetar a distribuição e ocorrência de espécies marinhas, incluindo tubarões e raias. A raia manta, Manta birostris, apresenta uma distribuição circunglobal ede grande amplitude latitudinal. A espécie é visitante regular de ilhas oceânicas, montes submarinos e quebras de plataforma, mas também é avistada estuários. Entretanto, ainda não se sabia se nestas áreas estuarinas a ocorrência da espécie é sazonal, quais fatores influenciam sua presença, e qual a amplitude de salinidade, temperatura e transparência da água que caracteriza a presença da espécie nestes locais. Neste estudo investigou-se a presença (registrada a partir de saltos) de M. birostris no Complexo Estuarino de Paranaguá, Sul do Brasil, em relação a variáveis temporais (dia, mês, ano) e ambientais (salinidade e temperatura da superfície do mar, estado do mar na escala Beaufort, estado da maré, transparência da água, precipitação, fase e porcentagem de iluminação da lua. Para isso, foram realizadas observações a partir de ponto fixo em terra durante 129 dias entre 2011 e 2015, e observações a partir de embarcaçãodurante 42 dias entre 2014 e 2015. No totalforam observados 387 saltos a partir de ponto fixo e 18 saltos a partir das observações embarcadas. A ocorrência foi confirmada como sazonal devido à presença da espécie saltando na região no verão e outono, e nenhum salto no inverno, e reforçada pelas informações dos pescadores artesanais. Manta birostrisfoi observada em temperaturas entre 22,5 e 32,7ºC, em salinidade entre 16 e 30, a precipitação mensal preferencialmente acima de 100mm3e preferencialmente durante a maré vazante. Utilizando modelos lineares generalizados observou-se que a salinidadeda água e maré foram às variáveis mais significativas para determinar a presença da espécie no CEPentre 2014 e 2015. A partir dos modelos aditivos generalizados de presença e ausência, foi possível verificar que o mês, temperatura, precipitação e porcentagem de iluminação da lua, foramas variáveisque formularam o modelo que mais se ajustou para determinar a presença da espécie no CEP entre os anos de 2011 e 2015. A temperatura e salinidade da superfície da água e a preciptação apresentaram correlações. A combinação entre alta temperatura da água e precipitação moderada gera uma redução na salinidade da água e todos estes fatores podem estar relacionados ao aumento da abundância zooplanctônica na região, que pode estar sendo utilizada pela M. birostris para alimentação. O estudo comprovou que a espécie pode habitar salinidades da água moderadas entre 16 e 25, e possivelmente ser considerada uma espécie parcialmente eurihalina. Hipóteses sobre o papel dos saltos para alimentação e aumento do metabolismo foram formuladas.