Tese - Jonatas Henrique Fernandes do Prado

Padrões temporais no encalhe de mamíferos marinhos e identificação de áreas de risco de capturas incidentais de Toninha, Pontoporia blainvillei, no sul do Brasil

Autor: Jonatas Henrique Fernandes do Prado (Currículo Lattes)

Resumo

Dados de encalhe e de capturas incidentais de mamíferos marinhos são importantes para compreender o padrão de ocorrência desses animais e para identificar regiões com alto risco de capturas incidentais. Baseados em 38 anos de dados de encalhe (1976-2013) e de nove anos de dados de capturas incidentais de toninha (Pontoria blainvillei) (1999-2003; 2006-2009), coletados no sul do Rio Grande do sul (RS), os objetivos da presente tese foram: (i) descrever o padrão temporal dos encalhes de mamíferos marinhos nessa região RS; (ii) identificar áreas com maior risco de captura incidental de toninha no sul do RS durante duas estações de pesca (corvina e pescada); (iii) obter estimativas de mortalidade de toninha para essas duas estações de pesca e (iv) verificar se os encalhes podem ser utilizados como indicadores do padrão espaço-temporal das capturas inincidentais de toninha no sul do RS. Modelos Aditivos Generalizados (GAM) foram utilizados para avaliar tendências temporais no padrão de encalhe. Modelos Hierárquicos Bayesianos foram propostos para identificar as áreas de maior risco de captura incidental de toninha e obter estimativas de mortalidade para essa espécie. Correlação de Spearman foi utilizada para avaliar a relação espaço-temporal entre encalhe e capturas inincidentais de toninha. Quarenta espécies foram registras em 12.540 eventos de encalhe. A toninha (n = 4574), o lobo-marinho-sul-americano (Arctocephalus australis, n = 3419), o leão-marinho-sul-americano (Otaria flavescens, n = 2049), o golfinho-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus, n = 293) e o lobo-marinho-subantártico (Arctocephalus tropicalis, n = 219) foram as espécies mais frequentes. A sazonalidade dos encalhes de toninha e do golfinho-nariz-de-garrafa esta associada à sobreposição com a atividade pesqueira, enquanto que o lobo-marinho-sul-americano e subantártico com a dispersão pós-reprodutiva. Para o leão-marinho-sul-americano a sazonalidade dos encalhes também está associada com o esforço pesqueiro. O aumento na taxa de encalhe para a toninha e para o lobo-marinho-sul-americano está atrelado ao incremento do esforço pesqueiro e ao crescimento populacional, respectivamente. Para o lobo-marinho-subantártico a taxa de encalhe teve um leve declínio, enquanto que para o golfinho-nariz-de-garrafa permaneceu estável. Não foi observada tendência interanual significativa para o leão-marinho-sul-americano. O declínio na frequência de espécies de hábito temperado/polar e o registro de espécies subtropicais/tropicais somente no final da década de 1990, pode estar associado a mudanças climáticas. Áreas com alto risco de captura incidental de toninha foi observado na região sul, centro e norte da área de estudo durante a estação de pesca da corvina e, na região norte, na estação da pescada. Estimativa total de mortalidade de toninha durante a estação da corvina e da pescada foi 2923 [2004; 3852] e 1104 [705; 1515], respectivamente. Somente durante a estação da corvina os encalhes foram indicadores confiáveis do padrão espaço-temporal das capturas incidentais de toninha. Os resultados obtidos nesse trabalho poderão contribuir para a elaboração de estratégias de conservação, principalmente para a toninha, considerada a espécie de cetáceo mais ameaçada do oceano Atlântico Sul Ocidental.

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