Acidificação marinha e metabolismo energético no hidrocoral Millepora alcicornis (Cnidaria: Hydrozoa)
Autor: Andrea Carlina Jesulich (Currículo Lattes)
Resumo
A acidificação marinha associada à absorção das emissões excessivas de CO2 na atmosfera causadas pelas atividades humanas pode provocar acidose intracelular, induzindo assim eventos de branqueamento e, portanto, comprometendo o metabolismo energético em hidrocorais. O hidrocoral Millepora alcicornis Linnaeus, 1758 pertence a um um grupo de corais considerados dentre os mais conspícuos, sendo, depois dos corais escleractíneos, os mais importantes construtores de recifes nos mares tropicais. Apesar dessa importância, suas respostas fisiológicas frente à acidificação marinha não são conhecidas. No presente estudo foram avaliados os possíveis efeitos da redução do pH da água do mar na atividade de enzimas-chave do metabolismo energético em M. alcicornis. Fragmentos do hidrocoral foram coletados no Parque Municipal Marinho do Recife de Fora (Porto Seguro, Bahia). Após 20 dias de aclimatação em mesocosmo, os hidrocorais foram expostos a diferentes níveis de redução do pH da água do mar, correspondendo 0,3; 0,6 e 0,9 unidades de pH em relação àquele observado naturalmente na água do mar do local de coleta dos hidrocorais (controle; pH 8,1). Após 16 e 30 dias de exposição, os hidrocorais foram coletados e analisados quanto às atividades da hexoquinase, fosfofrutoquinase, piruvato quinase, lactato desodrogenase e citrato sintase. Os resultados mostraram que, em todos os tratamentos de pH, não foram observadas variações significativas na atividade das enzimas analisadas, indicando que o hidrocoral M. alcicornis é capaz de manter constante a atividade das principais vias metabólicas envolvidas na produção de energia sob condições de acidificação da água do mar (pH > 7,2) a médio prazo.