Tese - Roberta Petitet Mathias do Amaral

Idade, crescimento e mudanças ontogenéticas no uso de habitat da tartaruga-oliva (Lepidochelys olivacea) no litoral de Sergipe

Autor: Roberta Petitet Mathias do Amaral (Currículo Lattes)

Resumo

A tartaruga-oliva, Lepidochelys olivacea, é a espécie de tartaruga marinha mais abundante, entretanto ainda classificada globalmente como vulnerável na lista de espécies ameaçadas de extinção. No entanto, pouco recurso é direcionado para a pesquisa desta espécie e, além disso, o seu ciclo de vida ocorrendo predominantemente no ambiente oceânico, dificulta seu estudo. No presente estudo realizou-se a determinação da idade de tartarugas-oliva encontradas encalhada mortas no litoral de Sergipe, nordeste do Brasil, e áreas adjacentes pelo uso da técnica de esqueletocronologia no úmero. Ainda, elucidou-se o uso de habitat desta espécie no Brasil através da análise de isótopos estáveis (AIE) de carbono e nitrogênio (C e N) em múltiplos tecidos (células vermelhas, soro, epiderme e carapaça). E, por fim aplicou-se a AIE nas linhas de crescimento do úmero, a fim de determinar a consistência temporal e especialização individual da população de tartarugas-oliva do nordeste do Brasil. As tartarugas-oliva encontradas encalhadas mortas tiveram uma faixa etária entre 14 e 26 anos, maturando por volta dos 16 anos de idade. A AIE em múltiplos tecidos demonstrou que antes de se reproduzir esta espécie habita uma variedade de áreas de alimentação, tanto em águas oceânicas quanto também em águas neríticas, em uma escala de semanas a meses. Por sua vez, a AIE nas linhas de crescimento do úmero também demonstrou essa variedade de habitats, porém em uma escala temporal anual, ao longo de vários anos. Portanto, essa plasticidade gera uma alta variação individual dentro da mesma população tornando a população de tartaruga-oliva do nordeste do Brasil uma população generalista com indivíduos especialistas. Entretanto, devido a essa gama de habitats utilizados pela população e suas principais ameaças, i.e. a captura incidental na pesca de arrasto no ambiente nerítico e a pesca de espinhel pelágico no ambiente oceânico, ocorrendo ao longo de todo o ciclo anual e ao longo da vida das tartarugas, é necessário estabelecer ações de conservação nas áreas de concentração dessas pescarias para reduzir a mortalidade.

TEXTO COMPLETO

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