Tese - Pedro Fernandes Sanmartin Prata

Ocorrência do neuropigmento Lipofuscina e estrutura populacional do camarão vermelho Pleoticus muelleri (Decapoda:solenoceridae) no Atlântico Sul Ocidental

Autor: Pedro Fernandes Sanmartin Prata (Currículo Lattes)

Resumo

Nos últimos anos, a pesca camaroeira no Brasil vem se tornando uma atividade multiespecífica, direcionando-se também para espécies alternativas, como o camarão vermelho Pleoticus muelleri. Dessa forma, para a elaboração de planos de manejo eficientes, e a fim de evitar a sobreexploração dos estoques de P.muelleri, a determinação precisa da idade e da estrutura populacional é de fundamental importância para que a pesca se mantenha de forma sustentável, e as populações sejam preservadas. O presente estudo teve como objetivos principais: 1) verificar a ocorrência e o acúmulo de neurolipofuscina nos cérebros de P.muelleri, e 2) elucidar de que forma os estoques estão distribuídos ao longo da costa Sul Americana, utilizando a biologia molecular e as relações biométricas como ferramentas. Para verificar a ocorrência e como ocorre o acúmulo da neurolipofuscina, no ano de 2012, seis amostras foram coletadas na região de Balneário Camboriú, Santa Catarina, sul do Brasil, em um barco de pesca camaroeiro. Uma análise de variância (ANOVA) foi utilizada para comparar a taxa de acúmulo de neurolipofuscina e a média do diâmetro dos grânulos entre três classes de tamanho, baseado no comprimento da carapaça (classe I <15mm; classe II 15-25mm e classe III >25 mm). Verificou-se uma diferença significativa (p<0,05) na taxa de acúmulo, entre 0,11% na classe I e 0,35% na classe III. Além disso, a média no diâmetro dos grânulos apresentou um crescimento linear, apresentando um tamanho médio de 0,67 µm na classe I, 0,73 µm na classe II e 0,83 µm na classe III. Para a identificação de estoques de P.muelleri, foram coletados espécimes ao longo de toda a área de distribuição da espécie, entre Rio de Janeiro, Brasil e Sul do Golfo São Jorge, Argentina, tanto para análises de morfometria quanto para análises moleculares. Através de uma análise Permanova, verificou-se uma diferença significativa nas relações biométricas entre as populações e também entre machos e fêmeas. Além disso, a análise de Cluster indicou uma clara separação em dois grupos distintos: Um formado pela população do Rio de Janeiro, e outro formado pelas populações de Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Uruguai e pelas populações da costa Argentina. Um padrão latitudinal no número médio de dentes do rostro foi observado, com uma redução conforme o aumento da latitude. Através do sequenciamento da região controle do DNA mitocondrial, foi avaliada a diversidade genética, a estrutura populacional e a história demográfica dos camarões coletados ao longo da costa Sul-Americana. De forma geral, os resultados evidenciaram o mesmo padrão de estruturação revelado pelas relações biométricas. Altas diversidades haplotípicas (h entre 0,76 e 0,98) foram encontradas em todas as populações, com a menor delas no Rio de Janeiro (h=0,76). Foi encontrado um total de 86 haplótipos. Foi observado um padrão de alta estruturação populacional entre Rio de Janeiro e as populações da costa Argentina (Norte e Sul do Golfo São Jorge e Rawson) e uma estruturação moderada nas populações do Sul do Brasil. Já entre as populações argentinas, uruguaia e do sul do Brasil, foi verificada uma baixa estruturação. A maioria das populações apresentou um padrão unimodal da distribuição mismatch, indicando uma recente expansão demográfica, enquanto o Rio de Janeiro apresentou uma distribuição multimodal, característica de uma população estável. Os maiores tempos de expansão foram encontrados entre os limites de distribuição da espécie, no Rio de Janeiro (100.146 anos), e no Sul do Golfo São Jorge (88.450). O menor tempo foi encontrado no Uruguai (62.865). De maneira geral, as diversidades haplotípicas foram diretamente relacionadas aos tempos de expansão, exceto no Rio de Janeiro, que apresentou o maior tempo de expansão e uma baixa diversidade, possivelmente devido a um efeito gargalo causado por um isolamento em uma área reduzida, sobrepesca ou impactos humanos. Dessa forma, os resultados obtidos, tanto pelas relações biométricas quanto pela biologia molecular, são corroborados pela distância geográfica separando as populações, assim como pela oceanografia costeira. Dessa forma, para um manejo adequado, e visando a manutenção da variabilidade genética do camarão vermelho, sugere-se uma unidade de manejo individual no Rio de Janeiro, e um plano compartilhado entre o sul do Brasil, Uruguai e Argentina.Palavras-chave: Neurolipofuscina, Idade, Região Controle.

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Palavras-chave: CrustáceosCamarão vermelhoPleoticus muelleriDinâmica de populaçõesNeurolipofuscinaOceano Atlântico Sul Ocidental