Variabilidade de longo-prazo na mortalidade do camarão-rosa Farfantepenaeus paulensis (pérez-farfante, 1967) no estuário da Lagoa dos Patos
Autor: Wilson de Oliveira Souza (Currículo Lattes)
Resumo
Farfantepenaeus paulensis é um peneídeo que apresenta um complexo ciclo devida, incluindo uma fase estuarina, onde a pesca é a principal ameaça. Esteestudo avalia as taxas de mortalidade e testa vários estimadores de mortalidadenatural para uma serie temporal de 20 anos, na tentativa de identificaros melhores modelos possíveis para este grupo. Adicionalmente a taxa deexploração foi estimada para este período e também verificou-se o efeito dasalinidade sobre a mortalidade natural. Os organismos foram amostrados em 5zonas rasas (±1,5m de profundidade) do Estuário da Lagoa dos Patos. Os modelosde mortalidade natural foram classificados em 2 grupos: 1) não baseadose 2) baseados em longevidade. O teste de Ancova foi realizado para compararas regressões entre os estimadores não baseados em longevidade. Para analisaro impacto dos parâmetros ambientais (Multivariate Enso Index (MEI),chuva, salinidade, temperatura, transparência) sobre os biológicos (CPUE,mortalidade, L/ e K) foi realizado correlação de Spearman. Experimentode sobrevivência foi conduzido para baixas salinidades (<10). A mortalidadetotal apresentou valores variando entre 0,62 e 1,50 mês1, com uma tendênciaa aumento. O estimador de Pauly atualizado por Then (2014) resultou emvalores intermediários de mortalidade natural (M=0,30-0,52 mês1), convergindopara valores próximo a média do grupo dos estimadores não baseadosem longevidade e com média geral similar ao resultado obtido pelo modelo deHoenig (1983) para moluscos (M=0,37 mês1). A média dos dois grupos demortalidade natural indicaram valores de taxa de exploração superior a 50%para a maioria dos anos. Anos de El Niño apresentaram predominância desalinidades 3 e foram anos com baixa CPUE (<5 indivíduos/arrasto) o queinviabilizou a obtenção da curva de mortalidade. A mediana da salinidadevariou entre 3,1 e 19, para anos com curva de mortalidade, e parece descrevera mortalidade natural (rs:0,46). O experimento de sobrevivência em baixassalinidades para juvenis selvagens de F. paulensis indicou mortalidades expressivaspara salinidades 3 se persistentes por mais de 4 dias.