Dissertação - Cíntia Brito Prudente da Silva

Uso combinado de marcadores genéticos do DNA mitocondrial e nuclear no estudo de tartarugas marinhas híbridas imaturas ao longo do Atlântico Sul Ocidental

Autor: Cíntia Brito Prudente da Silva (Currículo Lattes)

Resumo

Eventos de hibridização em tartarugas marinhas geralmente são esporádicos e envolvem relatos de um ou poucos indivíduos. No entanto, as populações brasileiras apresentam índices elevados, o que pode ser preocupante devido ao estado de ameaça mundial destes animais. Na área de desova da Bahia foi reportado que 42% das fêmeas de tartarugas-de-pente Eretmochelys imbricata eram híbridas com cabeçudas Caretta caretta, e 2% híbridas com olivas Lepidochelys olivacea. Os híbridos imaturos originados desta área já foram registrados no Ceará e Rio Grande do Sul, assim como Uruguai e Argentina. O presente trabalho investigou a hibridização em tartarugas-de-pente imaturas no Atlântico Sul Ocidental (ASO) permitindo estudar a população independente de gênero ao contrário dos estudos anteriores que eram voltados apenas a fêmeas em área de desova. Através de marcadores do mtDNA (região controle - D-Loop) e nDNA (RAG1, RAG2 e CMOS) foram analisadas amostras de 270 tartarugas imaturas, do nordeste do Brasil ao Uruguai. Foi possível identificar 22 tartarugas híbridas em 270 analisadas (~8%), sendo que onze delas (50%) ocorreram na Praia do Cassino (RS), no extremo sul do Brasil. Esta área apresenta a maior frequência de híbridos ao longo do ASO (~30%), seguida pelo Uruguai com 25%. Estas áreas são comuns para tartarugas-cabeçudas, porém incomuns para tartarugas-de-pente. Desta forma, os híbridos Ei x Cc podem estar adotando comportamento característico de C. caretta apesar de possuírem morfologia predominante de E. imbricata. Através de análises de agrupamento dos três marcadores do nDNA foi possível inferir que 50% destes híbridos pertencem à geração F1 e 36% são resultado de retrocruzamentos entre híbridos e E. imbricata puras (>F1). Além disso este trabalho reporta, pela primeira vez, híbridos imaturos de E. imbricata com L. olivacea na região, observados no Ceará (n=2) e Espírito Santo (n=1). Considerando o a elevada frequência de híbridos observada no ASO, um monitoramento contínuo deve ser realizado para avaliar a aptidão, integridade genética e detectar a extensão das mudanças nos patrimônios genéticos das populações envolvidas, para garantir sua conservação.

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Palavras-chave: Tartaruga marinhaHibridizaçãoCheloniidaeDistribuição de híbridosOceano Atlântico Sul Ocidental