Ecofisiologia em recifes de coral: impactos climáticos e locais em corais e hidrocorais do Atlântico Sul
Autor: Laura Fernandes de Barros Marangoni (Currículo Lattes)
Resumo
Os recifes de coral são os ambientes marinhos de maior biodiversidade, com imensaimportância ecológica e econômica. Todavia, encontram-se ameaçados pelas mudançasclimáticas globais, como a acidificação e a elevação da temperatura dos oceanos, bemcomo pelos impactos de origem local, como a poluição química. Tal cenário demúltiplos estressores tem causado danos substanciais à saúde do ambiente recifal emtodo o mundo, no entanto, o conhecimento sobre os potenciais efeitos sobre os recifesbrasileiros é limitado quando comparado com o disponível para outras regiões recifaisdo mundo. Neste contexto, em condições simuladas de impactos globais (acidificaçãomarinha) e locais (contaminação por cobre), ou naturais de El Niño, e utilizando-se ocoral Mussimilia harttii e o hidrocoral Millepora alcicornis habitando recifes doAtlântico Sul, buscou-se: (i) avaliar os efeitos da acidificação da água do mar sobre oprocesso de calcificação; (ii) testar se os efeitos do cobre sobre seletos parâmetrosfisiológicos são intensificados em decorrência da diminuição do pH; (iii) testar opotencial de respostas bioquímicas relacionadas à capacidade antioxidante e a danosoxidativos como ferramentas úteis para monitoramento de recifes de coral; (iv) testar seos níveis de espécies reativas de nitrogênio (peroxinitrito) dirigem a ocorrência debranqueamento; e (v) investigar a existência de uma correlação positiva entre o grau depredominância trófica (auto- e heterotrofia) e o branqueamento. Ainda, objetivou-sesintetizar o estado da arte da fisiologia de corais esclarectínios relacionada à simbiosecoral-zooxantelas, ao fenômeno de branqueamento e ao processo de calcificação, tendocomo foco a divulgação científica para discentes de graduação do Brasil. Os resultadosdemonstram: (i) que Mi. alcicornis apresenta elevada tolerância a diferentes cenários deacidificação marinha; (ii) a predominância de efeitos antagonistas pela interação entreacidificação e exposição ao cobre em Mu. harttii; (iii) que variações nos níveis deperoxidação lipídica, bem como a capacidade antioxidante basal das espécies,constituem potenciais biomarcadores para monitoramento ambiental; (iv) o peroxinitritocomo possível molécula mediadora do branqueamento em ambas as espécies; e (v)mudanças na prevalência de modo alimentar (auto- e heterotrofia) em Mi. alcicornis eMu. harttii durante o branqueamento, com heterotrofia preponderante pós-evento. Estesresultados proverão subsídios para planos de manejo, sobremaneira para osecossistemas recifais brasileiros ainda carentes de informações fisiológicas básicas,incorporando medidas fisiológicas como indicadores de saúde do ambiente recifal.