Discriminação de estoques do pargo-rosa (Pagrus pagrus L.) do Atlântico Sudoeste através da análise da forma dos otólitos e avaliação das mudanças do crescimento no Sul do Brasil
Autor: Eidi Kikuchi Santos (Currículo Lattes)
Resumo
O pargo-rosa, Pagrus pagrus (Linnaeus 1758), é um peixe que habita fundos consolidados e não consolidados de plataforma, sendo alvo da pesca comercial e recreativa ao longo de sua distribuição em ambas as margens do Oceano Atlântico e no Mediterrâneo. No do sul do Brasil foi intensamente explotado na década de 1970, reduzindo drasticamente sua abundância que não mostrou sinais de recuperação após 40 anos. Estudos sobre sua dinâmica populacionais com base em amostragens realizadas entre 1976 e 1985 incluíram a determinação de idades, ciclo reprodutivo e mortalidade além de identificar a existência de dois padrões de marcação de anéis anuais nas escamas (bem marcados e pouco marcadas ou ausentes) o que sugeriu a ocorrência de dois grupos de P. pagrus na região. Entre 2015 e 2019 novas amostragens foram realizadas e o material coletado foi utilizado para avaliar possíveis mudanças de crescimento e discriminar os estoques na região através da análise da forma dos otólitos. Quatro grupos de pargo-rosa foram identificados ao longo do Atlântico Sudoeste: um na zona de pesca exclusiva da Argentina, um segundo na zona de pesca da Argentina e Uruguai, incluindo espécimes do sul do Brasil que apresentam bandas de crescimento opacas bem marcadas em seus otólitos (BM), o terceiro grupo no sul do Brasil com bandas opacas pouco marcadas ou ausentes em seus otólitos (PA) e o quarto grupo ao longo do Rio de Janeiro. A diferença na forma entre esses otólitos com marcas de crescimento opacas bem marcadas e pouco marcadas ou ausentes do Sul do Brasil está de acordo com a hipótese de que parte dos pargos-rosa (BM) desovam ao longo do Uruguai enquanto outros são locais (PA) e desovam no sul do Brasil. O crescimento entre 1976-1977 e 2015-2019 no sul do Brasil, não mostrou diferenças significativas. As mudanças na densidade parecem não afetar o crescimento da espécie na região, o qual pode estar relacionado ao seu impacto relativamente pequeno no suprimento geral de alimentos baseados em cadeias tróficas planctônicas.Palavras-chave: Argentina, Brasil, colapso do estoque, distribuição, escamas, identificação de estoque, microincrementos, morfologia do otólito, recurso pesqueiro,