Dissertação - Nicholas Winterle Daudt

Padrões de distribuição espacial de aves marinhas no Brasil

Autor: Nicholas Winterle Daudt (Currículo Lattes)

Resumo

A distribuição de animais marinhos pode ser regida por fatores oceanográficos, fisiográficos e biológicos. Diferentes espécies relacionam-se com diferentes características ambientais. Deste modo, regiões com características ambientais distintas podem suportar comunidades distintas. Este estudo teve como objetivos descrever a distribuição espacial das aves marinhas no Brasil. Entre os anos de 2009-2018 foram realizadas 2633 contagens ao largo da desembocadura do Rio Amazonas (Norte), no trajeto para as ilhas de Fernando de Noronha, Atol das Rocas, Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Nordeste), Ilha da Trindade (Leste), e entre Cabo Frio/Rio de Janeiro e Chuí/Rio Grande do Sul (Sudeste e Sul). Devido à falta de informações prévias na região Norte, optou-se por analisar os dados separadamente. Neste contexto, o Apêndice 1 traz informações inéditas para a região da Foz do Rio Amazonas. Foi observada elevada riqueza, principalmente devido à presença de migrantes de ambos os Hemisférios. As aves concentraram-se em duas regiões com processos oceanográficos distintos, i.e., a zona de formação de anéis (vórtices) gerados pela retroflexão da Corrente Norte do Brasil, e a desembocadura do Rio Amazonas. No segundo trabalho, foi investigada a influência de padrões oceanográficos na distribuição, riqueza e abundância das espécies nas águas ao largo da costa do Brasil. Avaliamos, ainda, padrões latitudinais de riqueza e se as assembleias de aves se adequam à proposta de Ecorregiões Marinhas. Elevadas abundâncias estiveram relacionadas a processos de meso-escala, como frentes oceanográficas na desembocadura do Rio Amazonas, ressurgências de Cabo Frio/RJ e nos montes submarinos da Cadeia Vitória-Trindade, e no extremo Sul na região da Frente Subtropical de Plataforma. As maiores riquezas foram na região Norte, na Foz do Rio Amazonas, ao redor da Ilha da Trindade e nas regiões Sudeste-Sul ao largo da isóbata de 200 m; isso indica que maiores riquezas são relacionadas a sítios de parada/uso, se comparadas a regiões utilizadas como passagem (Nordeste e Leste). As aves marinhas mostraram-se um grupo intrigante para o estudo das variações de riqueza de espécies em relação aos gradientes latitudinais, distinto do padrão terrestre descrito extensamente: observaram-se três picos, um na faixa 0-5°N (Foz do Amazonas), outro em 20°S (Ilha da Trindade), e outro crescente, dos 23ºS até o extremo sul (34°S, região Sudeste-Sul). Por sua vez, as Ecorregiões Marinhas não se adequaram às assembleias de aves, e osresultados indicaram que as delimitações biogeográficas devem ajustar-se melhor em nível de Província. Processos de meso-escala são indicadores fundamentais na distribuição de aves marinhas e, aqui, destacamos a importância dos desagues continentais na agregação desses organismos, bem como a riqueza de espécies sustentadas por elas.

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Palavras-chave: BiogeografiaEcorregiões marinhasGradiente latitudinalProcessos oceanográficosAves marinhasBrasil