Tese - Ana Luzia de Figueirêdo Lacerda

Plásticos na superfície oceânica do sul do Brasil e Antártica: concentrações, características e comunidades epiplásticas

Autor: Ana Luzia de Figueirêdo Lacerda (Currículo Lattes)

Resumo

Visto o rápido e crescente acúmulo de plásticos nos oceanos e seus impactos negativos aos ecossistemas marinhos, torna-se fundamental ampliar o entendimento sobre este tema para propor soluções. Este estudo visou quantificar, caracterizar e avaliaras fontes de plásticos em águas marinhas superficiais da costa Sul do Brasil e da Antártica, bem como descreveras comunidades que esses materiais abrigam (comunidades epiplásticas, também conhecidas como plastisfera), através de microscopia eletrônica de varredura e um perfil multibarcoding(genes 16S, regiões V4 e V9 do 18S e ITS2). Plásticos foram amostrados no ambiente oceânico na interface oceano-ar, utilizando rede manta (malha de 330 µm), em dez pontos na costa Sul do Brasil e em doze pontos no entorno da Península Antártica. Foram encontrados plásticos de diferentes tamanhos (micro e mesoplásticos), formatos (fragmento, linha, esfera, filme e espuma),cores, maleabilidade (rígido e flexível)e composição polimérica. Para ambas as localidades, houve dominância de microplásticos (<5mm), com o formato"fragmento" sendo a categoria mais abundante, seguido de "linha". Itens flexíveis foram mais abundantes e os plásticos amostrados neste estudo apresentaram nove cores (branco, azul, amarelo, verde, cinza, laranja, vermelho, preto, marrom), com maior ocorrência de plásticos de cor branca. Análises de espectroscopia revelaram que polietileno, poliamida, poliuretano e polipropileno foram os polímeros mais comuns, com alguns apresentando degradação e outros não. No Brasil, as maiores concentrações de plástico foram em estações próximas à costa, na desembocadura de estuários (Rio Itajaí-Açu e Lagoa dos Patos), bem como em uma estação oceânica localizada próxima a uma área de intensa atividade pesqueira, indicando que rios/lagunas e a pesca são importantes fontes de plástico para a região. Na Antártica, o modelo de dispersão de partículas mostrou que, por pelo menos sete anos (tempo considerado no modelo),os plásticos foram oriundos de latitudes acima de 58ºS.Isto pode indicar que atividades locais (como atividades de turismo, pesquisa e pesca) são as principais fontes de plásticos na região. A diversidade de organismos presentes no biofilme dos plásticos mostrou diferentes grupos de procariotos e eucariotos, incluindo microorganismos (como bactérias e fungos) previamente descritos como patógenos e biodegradadores de plásticos. Esta foi a primeira descrição de fungos de plastisfera no Hemisfério Sul e torna-se necessário melhor investigar os impactos desse grupo, com foco em suas funções ecológicas.

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Palavras-chave: Poluição do marPlásticosPlastisferaBrasilAntártica