Dissertação - Dairana Misturini

A influência de sistemas frontais sobre as assembleias bentônicas de pradarias de fanerógamas submersas estuarinas

Autor: Dairana Misturini (Currículo Lattes)

Resumo

As pradarias submersas de angiospermas marinhas são habitats com função estruturadora e estabilizadora dos substratos estuarinos, que possuem fortes interações ecológicas com os macroinvertebrados bentônicos. Distúrbios causados por eventos meteorológicos, como os sistemas frontais, que geram elevada pluviosidade, ventos intensos e perturbação do substrato, podem resultar em flutuações de densidade e diversidade do bentos. Diante disso, objetivou-se investigar os efeitos dos sistemas frontais sobre a macroinfauna e macroepifauna bentônica abrigada e não abrigada por planos vegetados. Foram realizadas amostragens na Enseada rasa do Saco do Justino, Estuário da Lagoa dos Patos, imediatamente Antes e Depois da passagem de quatro sistemas frontais (março, maio, agosto e novembro de 2019) em três ambientes: Plano Vegetado, Borda e Plano Lamoso. Em cada ambiente e amostragem foram medidas salinidade e temperatura da água; determinadas a biomassa vegetal (core 0,008 m²), altura do dossel e porcentagem de cobertura vegetal (quadrado 1 m²) e coletadas amostras da macrofauna bentônica (core 0,008 m²), sedimento para granulometria e análise de matéria orgânica (core 0,002 m²). Dados meteorológicos (temperatura do ar, pluviosidade, direção e velocidade dos ventos), de vazão, temperatura da água e salinidade foram obtidos em bancos de dados. A pradaria foi multiespecífica na primavera, verão e outono (Potamogeton striatus, Ruppia maritima, Zannichellia palustris), com maior biomassa no verão e menor no inverno. Ao longo das amostragens foram coletados 13.828 organismos macrozoobentônicos. Plano Lamoso e Plano Vegetado tiveram assembleias macrozoobentônicas distintas. Durante o evento um o macrozoobentos e os sedimentos não foram afetados significativamente pelo sistema frontal, provavelmente em virtude da maior complexidade estrutural. No evento dois houve redução da biomassa e cobertura vegetal, piora na seleção dos sedimentos na Borda e Plano Lamoso e aumento de matéria orgânica, levando ao aumento da densidade e diversidade da infauna no Plano Lamoso e Plano Vegetado, e queda da diversidade da epifauna no Plano Vegetado. No evento três houve a maior densidade bentônica e a menor biomassa da pradaria, o que pode ter influenciado na redução da densidade da infauna e epifauna em todos os ambientes, Depois da passagem do sistema frontal. No evento quatro os sistemas frontais, em um cenário de maior profundidade da coluna d'água e alta vazão, podem ter ocasionado o aumento da densidade e diversidade da infauna. A passagem dos sistemas frontais podem afetar positiva (com aumentos) ou negativamente (com reduções) a densidade, diversidade e equitatividade das assembleias epifaunais e infaunais, porém quanto maior a complexidade estrutural das pradarias, mais evidente é seu papel atenuador de eventos meteorológicos.As pradarias de angiospermas marinhas são habitats com função estruturadora e estabilizadora de substratos estuarinos, que possuem fortes interações ecológicas com os invertebrados bentônicos. Distúrbios causados por eventos meteorológicos, como os sistemas frontais, que geram elevada pluviosidade, ventos intensos e perturbação do substrato, podem resultar em flutuações de densidade e diversidade do bentos. Diante disso, objetivou-se investigar os efeitos dos sistemas frontais sobre a infauna e epifauna bentônica abrigada e não abrigada por pradarias. Foram realizadas amostragens no Saco do Justino, Estuário da Lagoa dos Patos, imediatamente Antes e Depois da passagem de quatro sistemas frontais (março, maio, agosto e novembro de 2019) em três ambientes: Plano Vegetado, Borda e Plano Lamoso. Em cada ambiente e amostragem foram medidas salinidade e temperatura da água; determinadas a biomassa vegetal (core 0,008 m²), altura do dossel e porcentagem de cobertura vegetal (quadrado 1 m²); e coletadas amostras da macrofauna bentônica (core 0,008 m²), sedimentos para granulometria e análise de matéria orgânica (core 0,002 m²). Dados meteorológicos, de vazão, temperatura dágua e salinidade foram obtidos em bancos de dados. A pradaria foi multiespecífica na primavera, verão e outono (Potamogeton striatus, Ruppia maritima, Zannichellia palustris), com maior biomassa no verão e menor no inverno. Ao longo das amostragens foram coletados 13.828 organismos bentônicos. Plano Lamoso e Plano Vegetado tiveram assembleias bentônicas distintas. Durante o evento um o macrozoobentos e os sedimentos não foram afetados significativamente pelo sistema frontal, provavelmente em virtude da maior complexidade estrutural. No evento dois houve redução da biomassa e cobertura vegetal, piora na seleção dos sedimentos na Borda e Plano Lamoso e aumento da matéria orgânica, levando ao aumento da densidade e diversidade da infauna no Plano Lamoso e Plano Vegetado, e queda da diversidade da epifauna no Plano Vegetado. No evento três houve a maior densidade bentônica e a menor biomassa da pradaria, o que pode ter influenciado na redução da densidade da infauna e epifauna, em todos os ambientes, Depois da passagem do sistema frontal. No evento quatro os sistemas frontais, em um cenário de maior profundidade da coluna dágua e alta vazão, podem ter ocasionado o aumento da densidade e diversidade da infauna. A passagem dos sistemas frontais podem afetar positiva (com aumentos) ou negativamente (com reduções) a densidade, diversidade e equitatividade das assembleias epifaunais e infaunais, porém quanto maior a complexidade estrutural das pradarias, maior é seu papel atenuador de eventos meteorológicos.

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Palavras-chave: EstuáriosVentosMacrozoobentosVegetação Aquática SubmersaPradariaPlano LamosoEventos Meteorológicos de Curto-prazoEpifaunaInfauna