Dissertação - Davi de Vasconcellos Machado

Diversidade genética e estrutura populacional da castanha (Umbrina Canosai, Sciaenidae) no Atlântico Sudoeste, inferida por microssatélites

Autor: Davi de Vasconcellos Machado (Currículo Lattes)

Resumo

Compreender as características populacionais das espécies marinhas é um ponto chave para a sua conservação. Neste trabalho, marcadores microssatélites foram utilizados para avaliar a diversidade e a estrutura populacional genética da castanha Umbrina canosai, bem como avaliar a conectividade da espécie ao longo da maior parte da sua distribuição geográfica, investigar um possível efeito gargalo e estimar o seu tamanho populacional efetivo. Adicionalmente, a espécie teve as gônadas analisadas para associar sua desova com a dispersão larval e as análises genéticas de migração. Esta espécie da família Sciaenidae é endêmica do Atlântico Sudoeste (22°S - 41°30'S) e vem sendo intensamente explorada pela pesca industrial no sul do Brasil. Os microssatélites foram utilizados por serem altamente polimórficos, codominantes, amplamente distribuídos no genoma e por refletirem a história evolutiva recente da população devido a altas taxas de mutação. Oito loci de microssatélite desenvolvidos para outros cienídeos - cinco de Micropogonias furnieri e três de Sciaenops ocellatus - amplificaram para U. canosai e se demonstraram adequados para as análises de genética populacional, conduzidas com 128 indivíduos de cinco localidades ao longo de aproximadamente 2400 km de linha de costa (do estado do Rio de Janeiro ao norte da Argentina). As análises indicaram alta diversidade genética, uma população geneticamente homogênea, elevado fluxo gênico e ausência de efeito gargalo genético. Cada localidade recebe uma média de 11 a 22 imigrantes dos outros locais por geração, uma conectividade que pode estar sendo promovida tanto por migrantes adultos como pela dispersão larval via correntes marinhas na plataforma continental. A grande produção de ovos e larvas planctônicas e os hábitos migratórios e estritamente marinhos favorecem a alta conectividade genética de U. canosai. Apesar da conectividade genética entre áreas, em termos práticos, os dois estoques identificados por análises ecológicas/fenotípicas prévias - norte da Argentina ao sul do Brasil e sudeste do Brasil - devem ser considerados para propostas de manejo.

TEXTO COMPLETO

Palavras-chave: Conectividade genéticaMigraçãoPeixes marinhosEfeito gargaloEcologia molecular