O litoral do estado do Rio Grande do Sul é atualmente área onde mais se registram acidentes causados por águas-vivas e caravelas no país. A sincronia entre o período de maior ocorrência de espécies tóxicas e o período de veraneio tem causado centenas de milhares de acidentes anualmente, de acordo com registros dos salva-vidas do Corpo de Bombeiros do Estado. Esses números ainda devem estar subestimados por conta da subnotificação (Saiba mais aqui). Questiona-se se a região está passando por picos epidêmicos dessas lesões de pele, causadas por um suposto aumento recente na abundância desses organismos. No entanto, dados sobre os números de acidentes e sobre a abundância desses animais não foram quantificados no passado, o que deixa esta pergunta ainda sem resposta.

    O Prof. Renato Nagata (PPGOB-FURG), o Prof. Vidal Haddad Junior (Faculdade de Medicina da UNESP-Botucatu) e alunos do Pós-Graduação do PPGOB e Laboratório de Zooplâncton da FURG elaboraram o “Guia sobre mães d’água e caravelas do litoral gaúcho”, voltado a população que irá desfrutar as praias do Rio Grande do Sul neste verão. O material de divulgação contém fotos e breves descrições das espécies mais comuns nas praias do Estado e ajuda no reconhecimento de espécies perigosas e inofensivas, usando uma linguagem acessível. O Guia traz fotos das lesões epidérmicas causadas por cada uma das espécies, conhecidas popularmente como “queimaduras”. Além disso, traz links externos para se aprofundar em alguns assuntos e informações sobre "o que fazer" e "o que não se deve fazer" em caso de um acidente com esses animais. O Guia pode ser baixado aqui .

    Outro material produzido em conjunto com pesquisadores de várias instituições do sul e sudeste do Brasil (ULBRA, USP, UFSC, UFPR, UNESC, UNIVALI) e com a "Red de Avistamiento de Medusas" do Uruguay" foi o "Informe sobre a ocorrência de caravelas no litoral sul e sudeste do Brasil e Uruguai em 2021/2022". No Brasil as caravelas (Physalia physalis) são os cnidários mais tóxicos a ocorrerem em nossas praias. Esses animais já causaram paradas respiratórias e até óbitos em banhistas. Sua ocorrência no verão 2021-22, na região que vai do litoral de São Paulo até o Uruguai, tem causado diversos acidentes, inclusive resultando em algumas hospitalizações, no caso de banhistas que apresentam reações alérgicas. A elaboração do material contou com a ajuda de alunos, professores das instituições, fotos de salva-vidas da região e de ilustrações do aluno do PPGOB Douglas Rodrigues. O Informe pode ser baixado aqui e também está sendo distribuído gratuitamente a toda população da região.